Governo apela a que formação de trabalhadores se reflita nas carreiras e salários

Estudo sobre centros de gestão participada do IEFP indica que quem faz formação ainda sente "impacto reduzido" na carreira e salário. Em conversa com o ECO, secretário de Estado apela à valorização.

Ainda que haja hoje uma “maior consciência da importância da formação”, nem sempre os trabalhadores veem os esforços que fazem nesse sentido traduzidos em oportunidades de carreira e nos salários. O secretário de Estado do Trabalho apela a que se contrarie esse cenário, apelando a uma maior valorização “por parte de todos” do investimento que é feito em formação pelos trabalhadores portugueses.

Esta segunda-feira foi apresentada a avaliação dos 24 centros de gestão participada do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e uma das conclusões desse estudo é que o “circuito virtuoso da melhoria das qualificações nos ganhos salariais e na progressão de carreira continua por cumprir“.

Por outras palavras, os trabalhadores que fazem formação contínua consideram que ainda é “reduzido o impacto” da melhoria das qualificações nas oportunidades de progressão e nos ordenados, “principalmente na indústria“.

Em reação, o secretário de Estado do Trabalho atira: “Apesar de haver uma maior consciência da importância da formação, a verdade é que os formandos não sentem muitas vezes que a um esforço de formação correspondem oportunidades de desenvolvimento de carreira. Este é um problema, que deve ser aprofundado e discutido“.

Na visão de Miguel Fontes, “não basta dizer que a formação é importante“. “Tem de se traduzir na melhoria das condições salariais e na carreira dos formandos“, argumenta o responsável, que identifica mesmo este como um dos grandes desafios dos próximos tempos, no que diz respeito à formação. Apela a que este tema seja tratado não só na Concertação Social, mas ao nível também dos vários instrumentos de regulamentação coletiva do trabalho.

Líderes também têm de fazer formação

A análise aos centros de gestão participada do IEFP – a primeira “tão exaustiva” desde a criação desta rede, nos anos 80, segundo destaca Miguel Fontes – revela que, neste âmbito, não foram identificadas ofertas formativas para empresários ou dirigentes de associações empresariais, sendo que esta é uma área em que “a nossa economia é deficitária” e em que estes centros “poderiam ter um papel de apoio”.

Ao ECO, o secretário de Estado do Trabalho explica que “durante muitos anos” houve “um preconceito” em relação à formação, baseado na ideia de que esta se dirigia apenas aos trabalhadores. “Hoje, felizmente o mundo mudou. Não há quem não esteja obrigado à formação“, salienta o responsável, que destaca que, entretanto, foi criada a Academia do Empresário, que visa precisamente melhorar as qualificações dos líderes portugueses.

“A formação é essencial para Portugal poder olhar com confiança para o seu futuro. Precisamos de ter sociedades que estão preparadas para continuar a aprender. Quem não tiver o ADN de aprendizagem contínua, seguramente perderá relevância“, defende Miguel Fontes.

E no que diz respeito às políticas públicas, o responsável deixa um recado para quem vier a assumir a pasta que se prepara agora para deixar: é preciso continuar o esforço de afirmação da formação profissional “não como uma segunda escolha, mas como uma opção legítima como outras de prossecução de estudos“, contrariando-se a ideia de um sistema dual, em que quem escolhe a formação profissional acaba excluído dos outros potenciais caminhos.

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