Já há empresas a privilegiar trabalhadores com competências de IA ainda que com menos experiência
Sete em cada dez líderes já dizem que preferem contratar candidatos com menos experiência, mas com competências em inteligência artificial, do que o inverso. Profissionais estão a apostar em formação.
Já não há como negar. O mundo do trabalho está mesmo em mudança à boleia dos avanços da inteligência artificial (IA). Quem o diz é a Microsoft e o LinkedIn, que num novo estudo indicam que sete em cada dez líderes já estão abertos a privilegiar no recrutamento trabalhadores que tenham competências nesta área tecnológica, mesmo que tenham menos experiência profissional.
“Cerca de 71% dos líderes garantem que prefeririam contratar um candidato com menos experiência, mas com competências na área da inteligência artificial do que um candidato sem elas”, aponta o “2024 Anual Work Trend Index”. Em causa está um estudo sobre o modo como a IA está a moldar o mundo do trabalho de modo global, que teve por base as respostas de 31 mil pessoas em 31 países.
De acordo com essa análise, 66% dos líderes já asseguram que recusariam contratar um candidato sem competências na área da inteligência artificial, enquanto 77% projetam que os candidatos mais jovens (isto é, no início da carreira) terão mais oportunidades e maiores responsabilidades, por causa da tecnologia em questão.
Mas as oportunidades não se esgotam nos trabalhadores com idades mais tenras. Quase sete em cada dez dos ouvidos acreditam que a IA os ajudará a ser promovidos mais rapidamente e quase oito em cada dez perspetivam que ter competências nessa área irá aumentar as oportunidades de emprego à sua disposição.
Com base nessas previsões, não é de espantar que a aposta na formação nesta área por parte dos trabalhadores venha a crescer. “Nos últimos seis meses, a aposta em cursos na plataforma LinkedIn Learning sobre competências na área de IA disparou 160% entre os profissionais não técnicos“, destaca o referido estudo. Os gestores, arquitetos e assistentes administrativos são os que mais têm procurado esta oferta formativa.
Por outro lado, houve um aumento de 142 vezes do número de membros do LinkedIn que acrescentaram competências ligadas à IA aos seus perfis. “Os escritores, designers e marketers lideram”, revela o mesmo estudo, que detalha que, no caso do marketing, por exemplo, esta tecnologia pode aumentar a eficiência, libertando tempo e disponibilidade para o foco no trabalho de valor mais elevado.
Por outro lado, ainda que as empresas pareçam valorizar as competências na área da IA, os empregadores ainda saem mal na fotografia, no que diz respeito à formação que estão a oferecer aos seus próprios empregados: só 39% dos inquiridos que usam IA no trabalho tiveram, até ao momento, acesso a formação nessa área disponibilizada pelo seu empregador. Mais, só 25% das empresas estão a planear assegurar formação em IA generativa, no próximo ano.
O fim dos empregos humanos?
Apesar dos receios de que a inteligência artificial iria potencialmente eliminar muitos empregos humanos, os dados deixam crer que não será esse o caso. Para a maioria dos trabalhadores, o emprego não será perdido, mas transformado, defendem a Microsoft e o LinkedIn.
Aliás, de acordo com o estudo conhecido esta segunda-feira, as competências exigidas aos trabalhadores deverão mudar 50% até 2030 face a 2016.
Além disso, deverão surgir novas posições: 12% dos recrutadores dizem que já estão a nascer novos postos de trabalho ligados à inteligência artificial generativa. Por exemplo, líder de IA é uma “nova posição de liderança essencial”, tanto que em cinco anos as vagas aumentaram 28%.
Em contraste com estas projeções, mais de metade dos líderes ouvidos dizem-se preocupados com a escassez de talento, de olho nos próximos tempos.
As posições ligadas à cibersegurança, à engenharia e ao design criativo são aquelas onde os líderes mais se queixam de falta de profissionais adequados, como mostra o gráfico acima.
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