Banco de Inglaterra mantém taxa de juro nos 5,25% por pressão da inflação

Pela sexta vez consecutiva, a instituição liderada por Andrew Bailey manteve a taxa de juro da libra nos 5,25% e afasta para já um corte da taxa de juro.

O Banco de Inglaterra anunciou esta quinta-feira que decidiu manter pela sexta vez consecutiva a taxa de referência em 5,25%. Na reunião que terminou na quarta-feira, o Comité de Política Monetária votou, por maioria de 7-2, a favor da manutenção da taxa bancária em 5,25%. “Dois membros preferiram reduzir a taxa bancária em 0,25 pontos percentuais, para 5%”, revela o Banco de Inglaterra em comunicado.

Esta votação sugere que há uma consideração ativa no seio do Banco de Inglaterra quando ao início de uma redução da taxa de juro, apesar de a maioria ter optado por manter a taxa atual. “É provável que tenhamos de reduzir a taxa de juro bancária nos próximos trimestres”, refere Andrew Bailey, presidente do Banco de Inglaterra, em conferência de imprensa. A discussão reflete as previsões de que a inflação retornará perto da meta de 2% no curto prazo, o que poderia justificar uma abordagem menos restritiva no futuro se as condições económicas permitirem.

No entanto, Andrew Bailey ressalva que ainda é precoce fazer qualquer corte na taxa de juro. “Ainda não chegámos a um ponto em que possamos reduzir a taxa base”, refere o líder do Banco de Inglaterra aos jornalistas, após a apresentação da decisão do Comité de Política Monetária, sublinhando ainda que “espero que a inflação aumente ainda este ano.”

“A política monetária terá de permanecer restritiva durante um período suficientemente longo para que a inflação regresse ao objetivo de 2% de forma sustentável a médio prazo, conforme o mandato do Comité de Política Monetária”, justifica o Banco de Inglaterra para manter a taxa de juro da libra no valor mais elevado desde 2008, mostrando com isso uma abordagem cautelosa face à evolução recente da inflação no Reino Unido.

Taxa de juro do Banco de Inglaterra“Desde o outono passado que o Comité considera que a política monetária deve ser restritiva durante um período prolongado, até que o risco de a inflação se tornar mais elevada do que o objetivo de 2% se dissipe”, lê-se no comunicado da instituição de liderada por Andrew Bailey.

O presidente do Banco de Inglaterra destacou ainda que, “desde fevereiro, a inflação dos salários e dos serviços tem sido superior às expectativas e isso deve dar-nos que pensar, mas não deve ser interpretada de forma exagerada.”

O Banco de Inglaterra refere que a inflação, medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) a 12 meses desceu para 3,2% em março, contra 3,4% em fevereiro, “prevendo-se que a inflação medida pelo IPC regresse a um nível próximo do objetivo de 2% a curto prazo, mas que aumente ligeiramente no segundo semestre do corrente ano, para cerca de 2,5%, devido à dissipação dos efeitos de base relacionados com a energia.”

Também a sustentar a decisão do Banco de Inglaterra estão alguns dados relacionados com o crescimento da economia inglesa. “Após uma ligeira fraqueza no ano passado, o PIB do Reino Unido deverá ter aumentado 0,4% no primeiro trimestre de 2024 e 0,2% no segundo trimestre”, lê-se no comunicado.

Andrew Bailey sublinha que “não está excluída nem prevista uma descida da taxa de juro do banco em junho” e que o Banco de Inglaterra “não tem quaisquer preconceitos quanto ao nível e à rapidez com que irá reduzir as taxas.”

“Apesar da retoma durante o período de previsão, prevê-se que o crescimento da procura continue a ser inferior ao crescimento da oferta potencial durante a maioria desse período”, refere o Comité de Política Monetária sublinhando ainda que “prevê-se que surja uma margem de folga económica durante 2024 e 2025 e que esta se mantenha depois disso, refletindo em parte a continuação da orientação restritiva da política monetária.”

A decisão do Banco de Inglaterra não foi de todo inesperada pelos mercados, que antecipam agora uma redução da taxa em junho com uma probabilidade de 50% “e, embora um primeiro corte em agosto esteja praticamente totalmente descontado, o número de cortes esperados no total este ano é de cerca de dois contra seis no início do ano”, refere Rhys Herbert, economista sénior do Lloyds Bank numa nota enviada esta manhã aos clientes do banco inglês.

Mas para isso acontecer será necessário que a inflação se mantenha de forma sustentável nos 2%. “O Comité de Política Monetária continua a estar preparado para ajustar a política monetária, conforme justificado pelos dados económicos, para que a inflação volte a atingir o objetivo de 2% de forma sustentável”, refere o Banco de Inglaterra em comunicado.

Quanto à possibilidade de o primeiro corte da taxa de juro surgir na reunião do Comité de Política Monetária em junho, Andrew Bailey ressalva que “não está excluída nem prevista uma descida da taxa de juro do banco em junho” e que o Banco de Inglaterra “não tem quaisquer preconceitos quanto ao nível e à rapidez com que irá reduzir as taxas.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Banco de Inglaterra mantém taxa de juro nos 5,25% por pressão da inflação

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião