Custo da mão-de-obra em Portugal aumenta mais na indústria
Custo da mão-de-obra em Portugal aumenta mais do que na zona euro. Na zona euro o aumento foi de 1,5%. Em Portugal foi de 2,6%. Mas nos três primeiros meses do ano, os aumento maiores foram na Roménia
Os custos horários da mão-de-obra aumentaram em termos homólogos, no primeiro trimestre do ano, 1,5% na zona euro, mas em Portugal o aumento foi de 2,6%. O aumento mais significativo foi na indústria. Ainda assim, em termos globais, os países do Leste tiveram aumentos muito superiores.
Por exemplo, na Roménia, o aumento dos custos horários da mão-de-obra foram de 17,2%, na Hungria 11,7% e na Bulgária 10,1%.
Na parte superior da tabela compilada pelo Eurostat está ainda a Lituânia com aumento de 9,9% e na Letónia de 9,1%, entre janeiro e março.
De acordo com a nomenclatura do Eurostat, as duas principais componentes dos custos de trabalho são os salários e remunerações como bónus, ajudas de custo, subsídios de refeição, mas também os custos não salariais como as contribuições para a Segurança Social e os impostos suportados pelo empregador.
No conjunto da zona euro foi esta segunda componente do indica que mais aumentou — 1,6% contra os 1,4% da vertente apenas salarial. Isto significa que embora os custos estejam mais elevados, os trabalhadores não estão necessariamente a ganhar muito mais. Em Portugal não é assim. De acordo com o Eurostat, no primeiro trimestre, os salários registaram uma subida homóloga de 3%, enquanto a componente não salarial aumentou 1,4%. Esta tendência verifica-se desde pelo menos o primeiro trimestre de 2016, reflexo das políticas de devolução de rendimentos, aumento do salário mínimo, redução da sobretaxa e alguma recuperação na política salarial no setor privado.
A indústria lidera os aumentos dos custos da mão-de-obra em Portugal. No primeiro trimestre a subida foi de 4,4%, um desempenho que compara com a contração registada no trimestre anterior de 0,4%. Mas neste setor que tem registado bons indicadores de desempenho e que tem vindo a acelerar também à boleia dos apoios comunitários. A indústria transformadora absorve dois terços dos apoios às empresas.
Outro salto significativo foi ao nível da construção onde os custos de mão-de-obra subiram 3,3%, mais uma vez depois de dois trimestre consecutivos de contração. E neste caso o aumento maior foi mesmo na componente salarial (3,4% contra 2,7%). Com a recuperação do setor, graças às várias obras de reabilitação urbana, mas também de algumas obras públicas, começa mesmo a haver escassez de mão-de-obra. Ao ECO, o presidente da AECOPS disse que este era uma dos principais problemas do setor. “Hoje já começa a haver falta de mão-de-obra em algumas áreas de especialização, sobretudo nas que requerem mais acabamentos”, disse Ricardo Reis. Uma opinião partilhada pelo presidente da AICCOPN, Reis Campos, que justifica o fenómeno com o facto de “muitas pessoas, com a crise do setor, optaram por ir para fora”.
Finalmente, ao nível dos serviços, o aumento dos custos horários da mão-de-obra em Portugal foi de 3,8%. Um valor muito superior ao aumento de 1,3% na zona euro e de 1,6% no conjunto da União Europeia.
Cenário diferente é ao nível da Administração Pública. Se na zona euro e na União Europeia a subida dos custos horários da mão-de-obra foi de 1,8% de janeiro a março, em Portugal a subida foi de 0,8%, entre as mais baixas da UE a 28. A subida foi toda para o bolso dos funcionários públicos (1,8%) já que ao nível dos outros custos não salariais até houve uma contração (-1,7%) no três primeiros meses do ano. De sublinhar que dentro desta gaveta — da economia não empresarial — está a Administração Pública, Defesa, Segurança Social, atividades relacionadas com a Saúde e a assistência social (e aqui entram também os privados), artes e entretenimento.
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