Francisco de Lacerda: “Não faria sentido pôr os carteiros a protestar contra o e-mail”
Em rescaldo da manifestação dos taxistas, o presidente executivo dos CTT comparou o setor postal com o dos transportes. "Não faria sentido pôr os carteiros a protestar contra o e-mail", disse.
Francisco de Lacerda, presidente executivo dos CTT, disse esta terça-feira que, perante o atual cenário de transformação digital, “não faria sentido pôr os carteiros no Terreiro do Paço a protestar contra o e-mail”. O líder da empresa explicou que “as cartas estão sujeitas a normas regulatórias a que o e-mail não está”, acrescentando que “há similitudes em tudo na vida”.
Estas declarações surgem no rescaldo da manifestação dos taxistas desta segunda-feira e devem ser vistas à luz dos protestos contra as plataformas digitais Uber e Cabify. O setor postal tem sido afetado pelas novas tecnologias, sobretudo o correio eletrónico que tem vindo a substituir o envio de correio tradicional. Mais tarde, Francisco de Lacerda ainda deixou um aviso: “Mudem, antes que sejam obrigados a fazê-lo”, rematou no final da intervenção.
Apesar de o tráfego postal ter, em termos homólogos, aumentado 0,5% no segundo trimestre do ano, a atividade é sazonal e sofreu uma queda de 4,7% em relação ao primeiro trimestre. Num relatório publicado em meados de setembro, a Anacom lembrou mesmo que o tráfego postal tende a diminuir de ano para ano graças à “crescente substituição dos envios postais por comunicações eletrónicas”.
Assim, o core business dos CTT está a perder terreno, mas a empresa têm vindo a reestruturar a sua atividade, com apostas no setor da banca e, em breve, no mercado do correio publicitário, “do ponto de vista de passar a mensagem aos consumidores”, explicou Francisco de Lacerda. Haverá um “novo modelo de relacionamento com as agências”, rebranding e a criação de uma “plataforma online para PMEs [Pequenas e Médias Empresas]”, onde estas poderão criar campanhas com a possibilidade de targeting graças a “dados geográficos” que os CTT têm.
"Mudem, antes que sejam obrigados a fazê-lo.”
O presidente executivo dos CTT falava num painel integrado no Portugal Digital Summit, uma iniciativa da Associação da Economia Digital (ACEPI) que está a decorrer na Fundação Champalimaud esta terça e quarta-feira.
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