Alerta em Tancos era o mais baixo no dia do furto
O nível de alerta na base militar mantinha-se baixo apesar da vedação estragada e do sistema de videovigilância avariado. Mesmo agora, o estado de segurança não foi alterado.
O nível de alerta na base militar de Tancos no dia do assalto em que foi furtado armamento militar era o mínimo, Alfa+, apesar da vedação a precisar de ser reparada e do sistema de videovigilância que estava avariado, escreve esta sexta-feira o jornal Público.
A primeira fase da avaliação de risco é feita pelas secretas e depois transferida ao Centro de Informações e Segurança Militares, que fez a sua última avaliação em abril, concluindo que não havia necessidade de aumentar as medidas de segurança. Isto numa altura em que, segundo a Sábado, o DCIAP da Polícia Judiciária já tinha aberto uma investigação à possibilidade de roubo de armamento militar.
Rovisco Duarte, Chefe do Estado-Maior do Exército, afirmou esta quinta-feira, ouvido no Parlamento à porta fechada, sentir-se “humilhado” com o caso. Para o Chefe do Estado-Maior, foram registados “erros estruturais inadmissíveis” associados ao comando do exército: para Rovisco Duarte, é incompreensível que houvesse um intervalo de 20 horas entre rondas. Rovisco Duarte confirmou ainda que a lista de armamento divulgada pelos jornais espanhóis é mesmo aquela que desapareceu de Tancos, contrariando a versão que o próprio apresentou em entrevista à RTP. Esta sexta-feira, a mesma comissão recebe o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, às 16h00.
O titular da Defesa comentou o furto da base de Tancos logo no dia em que foi comunicado publicamente pelo Exército (29 de junho), a partir de Bruxelas, numa altura em que a lista completa do material roubado ainda não era conhecida, o que, aparentemente, veio a acontecer através de um jornal espanhol. “Evidentemente é um facto grave, não vale a pena estar a desvalorizar esse facto. É sempre grave quando instalações militares são objeto de ação criminosa tendente ao furto justamente de material militar”, para mais quando “não foi roubada uma pistola, não foram roubadas duas, foram roubadas granadas”, disse.
"Evidentemente é um facto grave, não vale a pena estar a desvalorizar esse facto. É sempre grave quando instalações militares são objeto de ação criminosa tendente ao furto justamente de material militar.”
O ministro, que falava aos jornalistas à margem de uma reunião ministerial da NATO, garantiu que, a par das investigações em curso – “a questão ficou imediatamente sob alçada da Polícia Judiciária militar e da Polícia Judiciária”, e a partir desse momento “as diferentes instâncias de investigação criminal”.
O Diário de Notícias avança esta sexta-feira que os peritos da Polícia Judiciária que investigam o furto não descartam a possibilidade de que o material roubado de Tancos ainda esteja em Portugal. Embora não haja mercado no país para armamento deste tipo, é possível que este ainda não tenha sido vendido, ou esteja a ser vendido à unidade. “Também está a ser escrutinado o cenário de o material já ter saído do país”, disse uma fonte próxima do processo ao Diário de Notícias. “Tudo está em aberto”.
O caso transformou-se em assunto político de relevo, suscitando o interesse do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e dos partidos políticos, entre os quais o CDS, que viria a pedir a demissão do ministro da Defesa. Marcelo Rebelo de Sousa exigiu “uma investigação total” no caso do furto de Tancos, “doa a quem doer e não deixando ninguém imune”.
“As demissões são inevitáveis e temos de o dizer sem hesitações e sem rodeios: senhor primeiro-ministro, volte e demita-os”, exigiu Assunção Cristas, após ser recebida, a seu pedido, em Belém, pelo Presidente da República, e numa altura em que o chefe do Governo, António Costa, se encontrava ausente do país, em gozo de férias.
Na sequência do incidente, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, exonerou temporariamente os cinco comandantes da base da Tancos até serem concluídas as averiguações. Ao mesmo tempo, o Exército informou que foram reforçadas as medidas de segurança nos Paióis Nacionais de Tancos e determinadas inspeções a estes paióis e aos de Santa Margarida.
Artigo atualizado às 9h30 com mais informação
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