Comissário Moscovici não quer ser presidente do Eurogrupo
O atual comissário que tem a pasta dos Assuntos Económicos ambiciona presidir a Comissão Europeia, mas rejeita o Eurogrupo, cargo que deixa para quem o suceder.
O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, voltou a defender esta segunda-feira a fusão do cargo que ocupa no executivo comunitário com o de presidente do Eurogrupo, mas assegurou que não quer ser o primeiro a desempenhar essa dupla função. À entrada para uma reunião de ministros das Finanças da zona euro, em Bruxelas, na qual os 19 vão ter um debate sobre o futuro da União Económica e Monetária (UEM), Moscovici reiterou que considera vantajosa a fusão dos cargos, mas, questionado sobre se está pessoalmente interessado em “estrear” essa nova modalidade, garantiu que não.
“Digo simplesmente que, a meu ver, o meu sucessor deve ser o primeiro-ministro das Finanças da zona euro. Penso que a pessoa que vier depois de mim [para o cargo de comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros] deve presidir ao Eurogrupo, para impulsionar uma política económica para a zona euro, e ao mesmo tempo, na Comissão, pilotar os instrumentos de vigilância orçamental que permitem assegurar a estabilidade financeira, o que também é importante”, declarou.
O comissário francês disse que, para a Comissão Europeia, “uma verdadeira integração orçamental e uma verdadeira união orçamental passa por ferramentas de estabilização macroeconómica – um orçamento da zona euro -, e passa por uma melhor governação da zona euro, que pode ser a fusão dos postos de presidente do Eurogrupo e de comissário responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros”.
"Penso que a pessoa que vier depois de mim [para o cargo de comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros] deve presidir ao Eurogrupo.”
“Se defendo a fusão entre os dois [cargos], é por uma questão de simplificação, para fazer com que o sistema seja mais eficaz, e também por uma questão de democracia, pois na situação atual, sendo o Eurogrupo um órgão intergovernamental informal, o presidente não tem que prestar contas ao Parlamento Europeu, enquanto a Comissão Europeia é diretamente responsável perante o parlamento”, declarou.
O Eurogrupo é presidido desde 2013 pelo holandês Jeroen Dijsselbloem, que termina o seu (segundo) mandato à frente do fórum de ministros das Finanças da zona euro em janeiro de 2018.
Na sequência da sua polémica entrevista, em março passado, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, na qual afirmou, referindo-se aos países do sul da Europa, que “não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda”, o Governo português reclamou a sua demissão do cargo, mas Dijsselbloem recusou abandonar o posto antes do final do seu mandato.
Portugal está representado na reunião desta segunda-feira pelo secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.
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