Esquerda desvaloriza subida do rating nas negociações do Orçamento do Estado
Catarina Martins disse que o BE não negociará o Orçamento do Estado tendo em conta a melhoria do rating. Jerónimo de Sousa preferia que o país assumisse a "soberania no plano económico e monetário".
A coordenadora do BE, Catarina Martins, assegurou que o partido não fará as negociações do Orçamento do Estado tendo em conta as posições das agências de ‘rating’, mas sim para prosseguir um “trabalho equilibrado de recuperação de rendimentos”. Durante uma ação de pré-campanha no mercado de Tires, concelho de Cascais, Catarina Martins foi de novo questionada sobre a decisão da subida do ‘rating’ de Portugal por parte da Standard and Poor’s (S&P), conhecida na sexta-feira.
“As agências de ‘rating’ são um instrumento especulativo e portanto nós não faremos as negociações do OE2018 tendo em conta o que dizem as agências de ‘rating’, mas sim tendo em conta prosseguir um trabalho equilibrado de recuperação de rendimentos de salários, pensões, proteção dos serviços públicos, combate à precariedade porque é só isso que poderá dar crescimento económico”, respondeu. Para a líder do BE, não se pode “medir o que o país pode ou não fazer pelas agências de rating”.
Sobre se o BE vai levar o argumento do alívio em relação à dívida pública resultante desta saída do “lixo” para a mesa das negociações orçamentais, Catarina Martins considerou que “todos os alívios são conjunturalmente importantes”, mas o problema “é estrutural e tem que ser resolvido”. “Nós continuamos a ver os níveis da dívida pública muito elevados e sabemos que não as agências que vão resolver esse problema do dia para a noite”, referiu.
Catarina Martins reiterou a posição que já tinha avançado na sexta-feira, numa primeira posição sobre esta subida de ‘rating’. “É bom ler o relatório das agências de rating com atenção até porque têm sempre dado os conselhos errados ao nosso país e é por nós termos feito o contrário que a economia começou a reagir e hoje é considerada inevitavelmente mais forte”, explicou.
"Nós continuamos a ver os níveis da dívida pública muito elevados e sabemos que não as agências que vão resolver esse problema do dia para a noite.”
Sobre o aviso do primeiro-ministro, António Costa, que em entrevista ao DN defendeu que todos estão cientes que é preciso “continuar a ter rigor nas contas públicas”, a líder bloquista foi perentória: “o rigor para o BE não é um problema, nunca foi. Nós queremos rigor nas contas públicas”. “Falta de rigor foi o que fez a direita quando fez cortes temporários e queriam que eles fossem permanentes, foram PPP’s, foram privatizações a preço de saldo”, criticou.
Para Catarina Martins, rigor nas contas públicas “será uma recuperação de rendimentos do trabalho, orçamentar os serviços públicos com as verbas que precisam ou combater os contratos as energéticas”.
PCP desvaloriza. Preferia “boa notícia” de um Portugal soberano
O secretário-geral do PCP desvalorizou este sábado a avaliação positiva de uma agência de notação financeira à dívida soberana portuguesa e desejou, ao invés, ouvir a “boa notícia” de que o país se tornara “soberano” económica e monetariamente.
“A boa notícia que poderia haver era Portugal assumir a sua soberania no plano económico e monetário. Isso sim, seria uma boa notícia porque é esse caminho que determinará, independentemente desses avisos, a reposição de rendimentos e direitos do povo português”, disse Jerónimo de Sousa, numa ação de rua em Vendas Novas, Évora, na campanha para as eleições autárquicas de 1 de outubro.
“O caminho é de afirmação nacional, de contar com as próprias forças, de construir o caminho de um Portugal soberano, desenvolvido, de progresso, com uma economia em crescendo e o emprego a aumentar. Não deleguemos noutros aquilo que pertence aos portugueses”, insistiu o líder da Coligação Democrática Unitária (CDU), que integra comunistas, ecologistas e independentes.
"A boa notícia que poderia haver era Portugal assumir a sua soberania no plano económico e monetário.”
Com esta revisão em alta para ‘BBB-‘, com perspetiva ‘estável’, Portugal volta a ter uma notação de investimento, atribuída por uma das três principais agências de ‘rating’ mundiais. Desde 2012 que a agência atribuía à dívida soberana portuguesa um rating ‘BB+’, a nota mais elevada de não investimento, com uma perspetiva ‘estável’. Jerónimo de Sousa questionou ainda “qual a natureza e quem determina as decisões dessas agências, que acabam por pressionar cada país”.
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