TVI/Altice: Concorrentes podem influenciar chumbo do negócio, alerta o Haitong
Oposição das operadoras concorrentes da Meo, expressa no congresso da APDC poderá ter um efeito de lóbi e influenciar a decisão final dos reguladores na compra da TVI pela Altice, defende o Haitong.
Numa nota de research divulgada esta sexta-feira, o analisa Nuno Matias começa por recordar as posições das operadoras concorrentes da Meo, a Nos e a Vodafone, no congresso da APDC que decorreu em Lisboa esta quarta e quinta-feira. Responsáveis de ambas defenderam que a aquisição da dona da TVI pela dona da Meo não pode ser aprovada, sob pena de desvirtuar a concorrência e limitar o acesso a conteúdos aos consumidores portugueses.
Nuno Matias começa por recordar que o negócio engloba a principal operadora de telecomunicações (a Meo) a comprar o canal de televisão de acesso livre líder (a TVI) e a unidade de produção de conteúdos com “mais sucesso” no país (a Plural). O analista indica ainda que as posições da Nos e da Meo expressas no congresso da APDC ganham ainda mais relevância “numa altura em que o negócio está sob escrutínio dos reguladores e em que o lóbi é uma consequência natural”, escreve.
E se a compra for aprovada? Devem existir compromissos ou remédios
“Tendemos a concordar que, em teoria, um negócio como este pode ter implicações negativas ao nível do acesso a conteúdos”, defende o Haitong. “É pior isso que também acreditamos que, se o negócio for aprovado, isso deve acontecer com remédios estritos que previnam qualquer acesso exclusivo ao conteúdo, especialmente em relação à TVI“, indica o analista daquele banco de investimento.
Por outras palavras, defende que, a ser aprovado, devem existir compromissos a serem subscritos por parte do grupo Altice, uma solução igualmente contestada pelas operadoras da concorrência no congresso da APDC.
"Acreditamos que, se o negócio for aprovado, isso deve acontecer com remédios estritos que previnam qualquer acesso exclusivo ao conteúdo, especialmente em relação à TVI.”
Contudo, “em termos práticos”, o analista não acredita que o negócio venha a provocar um abanão profundo no mercado ao nível da concorrência. “Em termos práticos, independentemente da decisão da Autoridade da Concorrência, o resultado deste processo não se deverá traduzir numa grande agitação na concorrência do mercado ou na disponibilização de conteúdos”, diz Nuno Matias. Conclui, recordando que a Anacom “já emitiu o seu parecer não vinculativo, indicando que o negócio deve ser travado”.
No 27.º Digital Business Congress, que decorreu esta quarta e quinta-feira no CCB (Lisboa), este negócio foi o principal tema em cima da mesa. Mário Vaz, líder da Vodafone, garantiu que esta operação é “prejudicial para o setor das telecomunicações e é por inerência prejudicial para o país e para a democracia”. Já Miguel Almeida, líder da Nos NOS 0,57% , subscreveu a mesma opinião e alertou que, caso a compra avance mesmo, haverá contra-ataque da Nos: “Obviamente, não poderemos aceitar que os nossos clientes sejam prejudicados por essa iniciativa. Teremos de fazer pela vida”, reiterou.
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