Catalunha encurta spread dos juros entre Portugal e Espanha
Instabilidade na Catalunha agrava risco da dívida espanhola. Portugal beneficia da subida de rating pela S&P. Diferencial do spread da dívida entre os dois países é o mais baixo dos dois últimos anos.
As tendências independentistas da Catalunha estão a diminuir o diferencial entre Portugal e Espanha no que diz respeito aos juros da dívida pública. Com a revisão em alta do rating pela Standard & Poor’s, os juros da dívida portuguesa estão a cair, num sinal de que os investidores as consideram menos arriscadas.
Em sentido contrário, a incerteza política que se vive em Espanha fez disparar as yields do outro lado da fronteira para máximos de julho. “O voto na Catalunha desenvolveu-se da forma menos amiga dos mercados”, refere Anne Karina Asbjorn, analista do Nomura, citada pela Bloomberg.
Os juros das obrigações espanhola a dez anos sobem 0,44 pontos para 1,702%, enquanto as yields dos títulos portugueses com a mesma maturidade descem 0,46 pontos para 2,417%.
Esta evolução faz com que o diferencial entre o spread da dívida dos dois países esteja no nível mais baixo dos últimos dois anos.
Esta tendência surge numa altura em que vários analistas de bancos internacionais recomendam cautela aos investidores devido à grande volatilidade que o mercado espanhol deverá ter nos próximos tempos, sobretudo ao nível da banca e das empresas com presença na Catalunha. Aliás, vários investidores terão mesmo antecipado os acontecimentos do passado domingo e diminuído a sua exposição ao mercado espanhol.
Do lado das agências de rating, tanto a Fitch como a S&P já adiantaram que o “referendo da independência da Catalunha pode aumentar a tensão política o que criará novas tensões nos mercados podendo pesar nas perspetivas económicas atuais”.
Juros de Portugal iguais a Espanha? Mourinho Félix acredita
Em Portugal, os juros continuam a corrigir, a beneficiarem da decisão da S&P de retirar o país da categoria de lixo. Depois deste anúncio, e numa entrevista à Reuters, Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, veio dizer que há margem para que os juros da dívida nacional continuem a cair, encolhendo-se o diferencial face a outros países do euro.
“Todos estes efeitos criam margem para uma compressão adicional dos spreads. Neste momento, o spread que temos face a Itália está abaixo dos 30 pontos base e, portanto, estamos próximos de Itália, mas não ainda de Espanha, cujo spread é significativo”.
Mais à frente, o secretário de Estado vaticinava: “quando tivermos três agências em investment grade, podemos ter um nível de spread mais próximo do que é a taxa [a dez anos] da economia espanhola”, disse à Reuters, vincando que Portugal tem condições de crescimento semelhantes a Espanha. “Significa ter um spread negativo para Itália, se nos aproximarmos das taxas de juro de Espanha”, destaca.
(Notícia atualizada com valores dos juros às 12h00 e declarações de Ricardo Mourinho Félix)
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