Dívida do Estado acentua queda histórica de depósitos nas férias
Em pleno mês de férias, o saldos dos depósitos sofreu um forte rombo. Registou a maior queda de sempre, explicada tanto pelo dinheiro gasto na praia como pela aposta nas obrigações do Tesouro.
O valor depositado pelos portugueses nos bancos sofreu o maior rombo de sempre em agosto. Dados do Banco Central Europeu (BCE) indicam que nesse mês, o “bolo” total dos depósitos encolheu em 2.204 milhões de euros, mas nem tudo foi gasto nas férias. Uma boa parte deste dinheiro continuou a ser poupado, mas em títulos de dívida pública que oferecem taxas bem mais atrativas.
Segundo os dados da entidade liderada por Mario Draghi, em agosto, os portugueses detinham um total de 141.311 milhões de euros aplicados em depósitos. Este montante corresponde a uma quebra de 2.204 milhões de euros em comparação com os 143.515 milhões de euros que estavam depositados em julho. Trata-se da maior quebra do histórico do BCE, cujo início remonta a janeiro de 2003.
Os depósitos de particulares nos bancos residentes apresentaram uma “taxa de variação anual de -1,7%, que compara com -1,6% observados em julho”, diz o Banco de Portugal. Esta evolução traduziu o aumento dos gastos das famílias num mês em que tradicionalmente as famílias portuguesas aproveitam o bom tempo para as férias.
Mas há outra explicação: a “evolução nos depósitos de particulares foi influenciada por aplicações em outros instrumentos de poupança, nomeadamente pela subscrição, em agosto, de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV)“, refere o Banco de Portugal.
Foram aplicados 1.200 milhões de euros nestes títulos de dívida pública cujo período de subscrição encerrou a 27 de julho. Em teoria, o impacto teria sido nesse mês, mas a liquidação financeira dessa operação só ocorreu a 2 de agosto, o que ajudou ao “trambolhão” dos depósitos das famílias nesse mês. Já em agosto do ano passado os depósitos tinham caído em 2.114 milhões depois de 1.200 milhões aplicados em OTRV.
O apetite pelas OTRV é explicado pelas taxas mais atrativas do que as dos depósitos oferecidos pela banca. A emissão de OTRV teve uma procura válida de 1.508 milhões de euros, para um total de oferta de 1.200 milhões, com os investidores a serem atraídos pela Euribor a seis meses “acrescida de 1,60%, com uma taxa de juro mínima de 1,60%”. Os novos depósitos da banca pagam 0,24%.
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