Web Summit, o tsunami de 60.000 que mudou a imagem de Portugal no mundo

Com um impacto estimado de 300 milhões de euros em 2017, o Web Summit não traz só 60.000 pessoas a Lisboa. Mobiliza a oferta turística, de transportes e de serviços. Muda a imagem do país no mundo.

Sessenta mil. Sim: mais de 60.000 pessoas vão aterrar, passear, consumir, ‘viver’ Lisboa durante os próximos dias. Esta segunda-feira, o Altice Arena, a ex-MEO Arena, recebe a 2ª edição do Web Summit realizada em Lisboa.

Depois de, no ano de estreia por cá, o evento nascido em Dublin ter reunido mais de 55.000 pessoas, entre empreendedores, investidores e curiosos, esta edição viu esgotar os bilhetes dois dias antes da inauguração. Paddy Cosgrave, CEO do evento, bem avisou: o Web Summit não queria um lugar vazio para contar a história.

No palco principal do Altice Arena, o CEO do evento, Paddy Cosgrave, dará as boas-vindas acompanhado pelo primeiro-ministro António Costa e um dos cabeças de cartaz do evento, que é um verdadeiro festival de rock stars. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas volta a Portugal para integrar o cartaz que conta com mais de 1.500 nomes de oradores vindos dos quatro cantos do mundo e é pensado para agradar a gregos e a troianos.

Todos os caminhos vão dar ao Parque das Nações

Mais bilhetes e maior frequência no metropolitano de Lisboa, preços especiais para quem partilha transportes e até condicionamentos de trânsito. Com mais 60.000 pessoas na cidade de Lisboa, a dinâmica altera-se para facilitar a vida, tanto dos visitantes como dos habitantes.

O trânsito vai estar condicionado em Lisboa até 13 de novembro nas freguesias do Parque das Nações, Santa Maria Maior, Misericórdia e Alcântara devido à realização da cimeira tecnológica Web Summit, anunciou a Câmara Municipal de Lisboa. O metro de Lisboa garante o reforço dos serviços na linha vermelha e ainda um aumento do número de máquinas disponíveis nas estações. Além disso, a empresa anunciou o lançamento de três passes combinados especiais, dirigidos aos participantes da conferência internacional.

Também as empresas de transportes como a Uber e myTaxi criaram programas especiais para os dias em que decorre a conferência. No caso da Uber, o serviço POOL — de viagens partilhadas — está de volta e garante descontos. Usar a app da mytaxi garante uma redução de 50% no preço das deslocações.

Além dos transportes, ao aeroporto de Lisboa começaram este sábado a chegar os primeiros assistentes e, no domingo ao início da noite, centenas de pessoas aguardavam pelas acreditações no espaço de check-in instalado na Portela.

A Altice, um dos parceiros do Web Summit, alargou também a cobertura da rede wi-fi e garante — escreve o Observador — que, este ano, será possível a ligação simultânea de 67 mil dispositivos, mais 14.000 do que no ano passado.

160/60.000

A equipa de 160 pessoas que organizou o Web Summit em 2017.Facebook Paddy Cosgrave

Fundado em 2010 por Paddy Cosgrave e os cofundadores Daire Hickey e David Kelly, em Dublin, na Irlanda, o Web Summit é o maior evento de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores. Em 2015, a organização anunciou que iria abandonar Dublin — sobretudo por falta de apoio do Governo irlandês na organização do evento — e, nessa altura, Paddy Cosgrave avançou que Lisboa seria a casa seguinte do Web Summit.

O acordo com o Governo português — na altura Paulo Portas e Leonardo Mathias estiveram diretamente envolvidos na negociação — previa a realização do evento em Lisboa até 2018, com a opção de prolongar essa permanência por mais dois anos.

Este ano, para organizar o evento, o Web Summit contou com uma equipa de 160 pessoas, às quais o CEO do evento, Paddy Cosgrave, agradeceu publicamente através das redes sociais. “O primeiro Web Summit foi um encontro de 150 pessoas. Todos da Irlanda. E, durante três anos, todos os assistentes eram irlandeses. Na verdade, nos últimos anos, as coisas mudaram dramaticamente. Mas isso demonstra a procura: as pessoas querem perceber como é que a tecnologia vai mudar os seus negócios“, dizia o fundador do evento, em entrevista ao ECO.

“Se olharmos para os assistentes, apenas 20% das pessoas são destas incríveis novas empresas. Outros 20% são de médias e grandes empresas tecnológicas, mas a grande maioria dos assistentes não vêm de empresas de tecnologia. Porquê? Porque independentemente do negócio — seja ele qual for –, mesmo que estejas focado em marketing ou vendas, tens a responsabilidade de assegurar que profissionalmente estás consciente do que se passa.”

A pegada Web Summit em Lisboa

Estimado pelo ministro da Economia em 300 milhões de euros, o impacto do Web Summit pode medir-se, não só em termos económicos como de fixação de talento e, até, na evolução da reputação da cidade e do país. “O que se verificou no ano passado foi que houve taxas de ocupação parecidas com as de época alta e preços mais elevados, o que acabou por ser importante para aumentar as receitas das empresas turísticas. E não apenas nos dias do evento mas nos dias anteriores e a seguir. (…) Mas o maior impacto não é esse, é também o impacto nas empresas portuguesas, pois estamos a falar de 270 que estão na WS a apresentar produtos tecnológicos: 150 destas entraram a preços especiais, num acordo que foi feito na WS, mas há muitas outras de maior dimensão que marcam presença. E é toda a imagem de Portugal que muda radicalmente junto de grandes investidores”, explicava Manuel Caldeira Cabral, em entrevista publicada este sábado, no Dinheiro Vivo.

De acordo com um artigo publicado este sábado pela Forbes, que aborda o impacto dos grandes eventos no desenvolvimento das cidades, Lisboa é um pequeno ecossistema empreendedor. “À exceção de Malta, tinha o valor mais baixo em termos de ecossistema na Europa, no Global Startup Ecosystem Report. Mas o ecossistema de Lisboa tem crescido depressa: cresce em número de startups, financiamento em early-stage e média global”, explica o artigo.

E acrescenta: “Uma das principais razões para esse crescimento é o facto de as startups de Lisboa venderem muito para mercados globais. De acordo com o nosso relatório, as startups de Lisboa têm uma média 50% mais alta do que a média europeia em termos de vendas a clientes fora da Europa”, esclarece o autor no artigo.

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