CIP alerta para “efeito contágio” da Autoeuropa ao investimento estrangeiro

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2018

António Saraiva considera que há o perigo de o conflito na Autoeuropa crie um "efeito contágio" que poderá alastrar a outros investimentos estrangeiros. Sindicatos não cedem.

Patrões e sindicatos manifestaram-se preocupados com a situação da Autoeuropa, mas sem recear a deslocalização da empresa, tendo a CIP – Confederação Empresarial de Portugal alertado para o “efeito contágio” no investimento estrangeiro em Portugal.

“A preocupação resulta da atratividade do investimento estrangeiro, que temos que garantir, é através do aumento do investimento que resolveremos os nossos problemas estruturais e onde teremos crescimento económico”, afirmou o presidente da CIP, António Saraiva, no âmbito de uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, em Lisboa.

Neste encontro participaram também as duas centrais sindicais: a UGT [União Geral de Trabalhadores] e a CGTP [Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses].

“Se efetivamente não houver das partes – da parte sindical, neste caso a Comissão de Trabalhadores, e da parte da empresa – uma vontade de chegar a acordo, temos um problema, poderá haver por parte da empresa uma tentativa ou uma tentação de impor unilateralmente, nomeadamente as questões do trabalho ao sábado”, declarou o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, salientando que há, naturalmente, razões para haver preocupação.

Na perspetiva do dirigente sindical, “não é aceitável que por contribuírem com 4% para as exportações e 1% para o PIB [Produto Interno Bruto] seja deixada toda a passadeira vermelha, ou outra cor qualquer, à administração da Autoeuropa para pensar que está na Alemanha”.

Carlos Silva disse que a empresa está em Portugal e deve seguir as regras portuguesas. “Vale a pena a Comissão de Trabalhadores sentar-se à mesa negocial”, considerou ainda.

Para o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, “todos querem que haja estabilidade e que acima de tudo a Autoeuropa permaneça muitos anos em Portugal”, mas “é bom que haja bom senso por parte da administração”.

“Mais do que medidas unilaterais para impor determinado tipo de regras do funcionamento das relações laborais, que foram recusadas pelos trabalhadores, o que importa é sentarem-se à mesa, ouvirem a Comissão de trabalhadores, o sindicato, e encontrarem soluções”, defendeu Arménio Carlos, desvalorizando a possibilidade de a empresa sair de Portugal. “Já ouvimos essa conversa há 25 anos e há 25 anos que a Autoeuropa se mantém em Portugal”, referiu.

De acordo com o secretário-geral da CGTP, o atual momento “justifica a discussão do futuro da Autoeuropa para os próximos 30 ou 40 anos, porque há profunda revolução tecnológica na indústria automóvel”.

“O que é preciso hoje é que o Governo português junte a Volkswagen e solicite a posição da Volkswagen sobre o futuro da Autoeuropa, ou seja, qual é o papel da Autoeuropa nesta modernização tecnológica”, indicou Arménio Carlos, para que este processo seja positivo para os trabalhadores, para a economia do país e para a empresa.

António Saraiva considerou que a situação vivida na Autoeuropa deveria ser rapidamente ultrapassada e apelou a uma solução em diálogo entre a administração e os trabalhadores, com a eventual intervenção do Governo como facilitador. Questionado sobre a possibilidade de deslocalização da fábrica, António Saraiva respondeu não recear que o problema chegue a essa dimensão.

“Mas receio, sim, que outros investimentos possam ser afetados se esta perturbação tiver este efeito contágio com novos investimentos que a Volkswagen possa querer realizar naquela unidade”, apontou, recordando que há multinacional subcontrata outras empresas em Portugal.

A administração da Autoeuropa reuniu-se esta terça-feira com a Comissão de Trabalhadores (CT) e com o SITE-SUL, sindicato mais representativo na empresa, para falar sobre os novos horários, mas um eventual acordo entre as partes pode ainda estar distante.

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