FMI revê crescimento europeu em alta. Espanha fica de fora
O Fundo Monetário Internacional antecipa um crescimento mais rápido para a economia global. A generalidade do euro também vai crescer mais depressa do que o previsto, mas Espanha piora perspetivas.
A economia global vai crescer mais depressa do que o previsto, o grupo das economias avançadas também, os EUA idem e a zona euro também melhora expectativas. Mas nas revisões em alta do crescimento do PIB, Espanha fica de fora. A culpa é da incerteza política ou, por outras palavras, das tensões na Catalunha. A atualização das projeções foi revelada esta segunda-feira pelo Fundo Monetário Internacional, no World Economic Outlook update.
A economia global deverá ter crescido 3,7% em 2017 e o FMI espera que acelere para 3,9% este ano, um ritmo que se deverá manter em 2019. As perspetivas são mais otimistas: face às projeções de outubro o Fundo fez uma revisão em alta de dois pontos percentuais em cada ano.
O FMI adianta que este crescimento “é generalizado, com notáveis surpresas na Europa e na Ásia”. Mas, “cerca de metade da revisão acumulada do crescimento global em 2018 e 2019” deve-se ao pacote fiscal dos Estados Unidos, lê-se no relatório. Os EUA deverão crescer 2,7% este ano e 2,5% no próximo, o que corresponde a revisões em alta na ordem dos 0,4 pontos e 0,6 pontos respetivamente.
Crescimento mundial
Fonte: FMI
Na Zona Euro, o crescimento será também mais forte do que o antecipado há três meses, subindo 0,3 pontos, para 2,2% este ano e 2% no próximo. De entre as quatro maiores economias — as únicas cujas previsões são revistas no âmbito desta atualização — só Espanha tem uma revisão em baixa, de 0,1 pontos percentuais, para 2,4%. Mas para o próximo ano as perspetivas já são mais positivas.
"O crescimento em Espanha (…) foi revisto em baixa ligeiramente em 2018, refletindo os efeitos da acrescida incerteza política na confiança e na procura.”
Para justificar a revisão em baixa do crescimento espanhol em 2018, o Fundo não fala explicitamente da Catalunha, mas não deixa de ser claro: “O crescimento em Espanha, que tem sido bem acima do potencial, foi revisto em baixa ligeiramente em 2018, refletindo os efeitos da acrescida incerteza política na confiança e na procura.”
Espanha é o maior parceiro comercial de Portugal, pelo que a economia nacional tende a ser beneficiada — ou prejudicada — pelos desenvolvimentos do lado de lá da fronteira.
Crescimento da Zona Euro e maiores economias
Fonte: FMI
Que mensagens políticas?
Com expectativas mais otimistas, o FMI sublinha duas mensagens fundamentais.
- As economias têm de aproveitar o bom momento do ciclo para implementar reformas estruturais e melhorar o seu potencial de crescimento;
- Devem também aproveitar para reforçar a sua resiliência financeira e orçamental.
Especificamente para as economias avançadas, a mensagem difere consoante o momento que atravessam os respetivos mercados de trabalho e o comportamento da inflação. Nos casos em que a taxa de desemprego já está suficientemente baixa, antecipando-se a continuidade dessa redução, como acontece nos EUA, há que manter o foco na inflação. Se houver sinais de que está a acelerar, a política monetária deverá normalizar a um ritmo também ele mais rápido.
"Onde a consolidação orçamental seja necessária, o seu ritmo deve ser calibrado de forma a evitar travagens bruscas no crescimento.”
Já nos países em que estas circunstâncias ainda não se verificam — como é o caso de Portugal e da inflação no euro — “é desejável a continuidade de uma política monetária acomodatícia”, diz o Fundo.
Além disso, os países devem aproveitar para calibrar um ajustamento orçamental continuado, focado no médio prazo, “mas que evite travagens bruscas no crescimento”, lê-se no documento.
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