Casas nos arredores de Lisboa já são tão caras como na cidade do Porto
O valor do metro quadrado das casas situadas em Odivelas já é superior ao da cidade do Porto. Loures e Amadora aproximam-se. Pressão e escassez em Lisboa, levam mais famílias a procurar a periferia.
Os preços das casas não param de aumentar em Portugal. A tendência é transversal às diferentes zonas do país, mas começa a ser mais notória na periferia dos dois principais centros urbanos do país — Lisboa e Porto — e mais intensa sobretudo nos concelhos limítrofes da capital. Em algumas zonas da periferia de Lisboa os preços médios das casas já se encostam ou ultrapassam mesmo os da cidade do Porto. Este é o caso de Odivelas, enquanto em Loures e na Amadora, os valores estão já próximos dos da cidade Invicta.
Essa conclusão é possível de fazer tendo em conta o valor da avaliação bancária das casas para efeitos da concessão de crédito. Apesar de não ser uma medida exata este indicador representa uma boa aproximação para medir a evolução dos preços do imobiliário em Portugal. É com base nesta avaliação que os bancos determinam o montante do financiamento que estão dispostos a conceder para a aquisição de casa.
"A avaliação bancária normalmente acompanha a vontade dos bancos em emprestar ou não dinheiro. Há vontade dos bancos em conceder crédito à habitação. Portanto, o valor da avaliação tem de subir para acompanhar os preços do mercado.”
“A avaliação bancária, normalmente, acompanha a vontade dos bancos em emprestar ou não dinheiro. Há vontade dos bancos em conceder crédito à habitação. Portanto, o valor da avaliação tem de subir para acompanhar os preços do mercado“, explica a esse propósito Luís Lima, presidente da associação das imobiliárias APEMIP.
Avaliação das casas em máximos
Fonte: INE
De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor médio da avaliação das casas mostra uma continuação da tendência de crescimento. Em 2017, a avaliação das casas subiu 5%, em média, para chegar ao final do ano na fasquia mais elevada desde maio de 2011, nos 1.150 euros por metro quadrado.
Da mesma ordem é o aumento de preços registada tanto na Área Metropolitana de Lisboa como no Porto. No primeiro caso, o valor dos imóveis atingiu máximos de abril de 2011 no final de 2017, ao ascenderem aos 1.392 euros no final de 2017. No segundo caso fixaram-se no mesmo período nos 1.113 euros por metro quadrado, em média.
Preços nos principais centros urbanos na área de Lisboa e Porto
Dentro de cada uma dessas regiões, a aceleração de preços foi muito distinta, com os concelhos periféricos de Lisboa e Porto a dominarem esse movimento. Exemplo disso mesmo é a subida de preços registada em Odivelas e na Amadora, junto à capital, e de Matosinhos, próximo da cidade Invicta. Nos dois primeiros concelhos, o valor das casas aumentou mais de 16% no último ano, enquanto no terceiro concelho a subida foi superior a 12%.
Este grau de crescimento de preços faz com o preço das casas situadas em Odivelas já seja mas elevado do que na cidade do Porto. Enquanto em Loures e na Amadora, também já estão próximos desse valor. O preço do metro quadrado dos imóveis situados em Odivelas está a ser avaliado pelos bancos nos 1.661 euros, enquanto no Porto este ascende a 1.599 euros. Em Loures e na Amadora, os preços são de 1.560 e 1.494 euros, respetivamente.
"No centro das grandes cidades é muito difícil aos portugueses comprarem casa neste momento, por isso vão para as periferias, que é onde podem comprar.”
Como se justifica essa aproximação de preços? É o resultado do desvio da procura dos grandes centros urbanos, onde a pressão dos preços é mais elevada, para outras regiões com preços mais baixos. “No centro das grandes cidades é muito difícil aos portugueses comprarem casa neste momento, por isso vão para as periferias, que é onde podem comprar”, explica Luís Lima.
“À medida que o stock no centro das cidades é escasso e os preços já estão elevados, as pessoas estão a virar-se para as periferias”, especifica o representante das imobiliárias.
Ranking das subidas de preços
A avaliação das casas situadas na cidade de Lisboa situava-se no final de 2017 nos 2.141 euros por metro quadrado, o valor mais elevado do histórico disponibilizado pelo INE que remonta ao início de 2011.
Certo é que a pressão do turismo e a procura de investidores tem esgotado a disponibilidade de casas sobretudo em Lisboa, algo que tem sido muito falado. Já no caso das zonas periféricas, o presidente da APEMIP salienta que “só agora os preços nessas zonas estão a regressar aos níveis anteriores à crise”.
Uma tendência para continuar
Relativamente ao futuro rumo dos preços dos imóveis, Luís Lima acredita não haver muito mais margem de subida, acreditando contudo que a periferia deverá continuar a ser uma opção de peso na Área Metropolitana de Lisboa.
"No centro da cidade, penso que não existe margem para crescerem muito mais, porque os preços também já subiram. Por isso o valor das avaliações no centro das cidades não vai crescer muito mais.”
“No centro da cidade, penso que não existe margem para crescerem muito mais, porque os preços também já subiram. Por isso o valor das avaliações no centro das cidades não vai crescer muito mais”, diz relativamente a Lisboa. Já no que respeita à periferia é da opinião que “enquanto houver stock de casas nessas regiões, a tendência de subida de preços deve continuar”, acrescentando que “é nas periferias onde os preços também estavam menores”.
Face aos preços que estão a ser praticados, o representante das imobiliárias considera que nos centros da cidade e zonas cirúrgicas estes “já estão a atingir o limite”. “Não há nenhuma hipótese de crescer saudavelmente. Mas acho que também não vamos ter uma bolha imobiliária, porque o país não funciona todo por igual. Ainda temos zonas do interior, onde o negócio ainda não chegou. Falo em zonas como Beja, onde se contam pelos dedos as transações”, conclui.
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