Chic by Choice: a escolha da Forbes é uma empresa fantasma?
As fundadoras da empresa foram distinguidas pela Forbes há um mês mas o Observador revela que a empresa não está a funcionar há bem mais tempo.
A Chic by Choice, segunda startup portuguesa fundada por Filipa Neto e Lara Vidreiro na área da moda — depois da Dress in a Box — estará sem funcionar, revelou esta segunda-feira à noite o Observador.
Numa investigação feita pelo jornal, a empresa fundada em 2014 e cujo modelo de negócio assenta no aluguer de vestidos de luxo, tem os serviços indisponíveis, o número de telefone indicado está desligado “há semanas” e a empresa aparenta não ter colaboradores. E o “mistério” que envolve a empresa dura, escreve o Observador, há já sete meses, altura em que os trabalhadores estariam a sair da empresa por motivos relacionados com a sustentabilidade das operações. O jornal indica também que, desde julho de 2017 que a empresa anuncia campanhas de promoção de venda de vestidos que chegam a atingir os 80% de desconto, sendo uma área de negócio que nada tem a ver com o core da empresa.
As duas fundadoras também começaram antes do final do ano passado a trabalhar noutras empresas: Filipa Neto trabalha na Farfetch desde o início de dezembro, enquanto Lara Vidreiro ocupa o lugar de consultora digital sénior de e-commerce na A2D Consulting, desde novembro de 2017 segundo o seu perfil no LinkedIn.
Ainda assim — e sob todos estes sinais de que algo não estaria bem com a empresa — as fundadoras da Chic by Choice foram dois dos quatro nomes portugueses a constar na lista 30 Under 30 da Forbes, divulgada em janeiro deste ano, na categoria de Retail & e-commerce. A lista, que conta com 300 nomes divididos por 13 categorias. Antes disso, era a revista Wired que dava conta de que a Chic by Choice era uma referência na área tecnológica, no ranking “Europe’s 100 Hottest Startups”, divulgado em setembro de 2017.
Questionadas pelo Observador em julho do ano passado, nem as fundadoras da Chic by Choice nem a Portugal Ventures, investidora da empresa, quiseram prestar esclarecimentos. Fonte oficial da gestora de capital de risco pública disse apenas que “não lhes tinha sido comunicada qualquer informação que permitisse concluir que a Chic by Choice iria encerrar”. Mais de meio ano depois, a resposta do Portugal Ventures é semelhante à anterior: “Não nos foi comunicado qualquer desenvolvimento que permita tirar conclusões sobre o encerramento da empresa”.
Numa entrevista ao ECO em novembro de 2017 e, questionado sobre a continuidade do investimento na Chic by Choice, Celso Guedes de Carvalho, presidente da gestora de capital de risco, dizia: “(…) no caso da Chic By Choice, é similar: chegámos a uma fase em que não podemos continuar. Estamos na fase seed, não podemos estar em reforço contínuo das nossas participadas. Porque não estamos a cumprir o nosso papel”. E acrescentava que o esforço para um exit face ao investimento na empresa era uma possibilidade: “O processo ainda está em curso, obviamente que o exit do nosso investimento é sempre o que queremos alcançar, como fizemos agora com a Indie Campers, mas ainda não estamos nessa fase. A seu tempo, o processo será concluído”.
Por que não falam as fundadoras?
O ECO tentou contactar Lara Vidreiro e Filipa Neto, cofundadoras da Chic by Choice, mas ambas não prestaram quaisquer declarações, remetendo para mais tarde os comentários. O ECO tentou também contactar a Portugal Ventures a propósito do acompanhamento deste processo por parte da gestora de capital de risco mas não obteve ainda qualquer resposta.
A última ronda de investimento noticiada pela Chic by Choice aconteceu em novembro de 2015, altura em que Filipa Neto e Laura Vidreiro fecharam um financiamento de 1,5 milhões de euros obtidos através da Faber Ventures, Portugal Ventures e dos investidores Paulo Mateus Pinto, presidente da La Redoute Iberia, e de Nuno Miller, ex-Farfetch. Só que, no final do ano seguinte, e na última prestação individual de contas que a empresa apresentou, em 2016, a Chic by Choice tinha capital próprio negativo de 28.155 euros, e estava em falência técnica, “com um passivo superior aos ativos”, escreve o jornal. Ainda assim, com dívidas a terceiros superiores aos ativos que possui, a Chic by Choice pode não estar falida: para isso, a empresa terá de entregar uma declaração de insolvência que ainda não foi entregue no portal Citius.
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