António Costa tem três prendas para a agência S&P. Vai receber alguma?

Crescimento económico, redução da dívida e melhoria no setor financeiro: são três as prendas que António Costa tem para dar à Standard & Poor's. O primeiro-ministro vai receber alguma de volta?

Foto montagem de Lídia Leão.

São três as prendas que António Costa tem para dar à Standard & Poor’s, a agência de notação de risco que, em setembro, surpreendeu ao recolocar Portugal num grau de investimento de qualidade e volta agora a rever o rating da República. Apesar de tamanha “generosidade”, será que o primeiro-ministro vai receber alguma prenda de volta?

Os analistas do Natixis vislumbram uma surpresa que pode estar a caminho de Lisboa. “Acreditamos que há uma probabilidade de 60% de a S&P afirmar o rating soberano de BBB- e de melhorar as perspetivas de evolução (outlook) de estável para positivo. Este é o nosso cenário base. Contudo, consideramos uma probabilidade de 40% de melhoria para BBB, em linha com a Fitch, reconhecendo o crescimento económico robusto e o desempenho orçamental”, diz o banco de investimento francês.

“Mas uma potencial subida parece estar restringida pela elevada dívida pública e privada — embora em queda –, deixando o país vulnerável a choques exógenos”, explica ainda o Natixis numa nota de research enviada aos clientes.

O que mudou desde a última avaliação?

Do lado de Portugal, desde que em setembro a S&P melhorou surpreendentemente a notação da dívida portuguesa, foram mais as notícias positivas do que negativas, o que deixa margem para uma surpresa. São estas as prendas que Costa terá para oferecer aos analistas daquela agência:

1. Surpresa! Portugal com maior crescimento do milénio

No final de fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística (INE) veio a boa nova: a economia portuguesa cresceu 2,7% em 2017, confirmando a maior expansão em 17 anos. Foi sobretudo a procura interna a dinamizar a atividade económica, mais do que as exportações.

Fonte: INE

2. Dívida pública acerta no alvo do Governo

De resto, o maior crescimento do milénio ajudou a baixar o rácio da dívida pública para aquilo que era a meta do Governo no ano passado: 126,2%. Este valor representa uma redução de 3,9 pontos percentuais face ao final de 2016.

Fonte: Banco de Portugal

Ainda assim, o montante bruto até aumentou e é isso que assusta: subiu em 1,6 mil milhões de euros para fechar o ano nos 242,6 mil milhões de euros. Na última avaliação pós-programa a Portugal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também sublinhava que o elevado endividamento deixa o país muito sensível a choques macroeconómicos.

3. Crédito em incumprimento a cair

Os créditos em risco de incumprimento podem ser da responsabilidade dos bancos, mas tem sido uma das debilidades a constranger o rating soberano. Mas também aqui a evolução tem sido favorável (à banca e ao país): depois de ter atingido os 50 mil milhões de euros em 2015, o malparado da banca baixou para os 40 mil milhões em 2017. E a tendência será para baixar ainda mais.

Fonte: Associação Portuguesa de Bancos

De acordo com Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, o nível de empréstimos em situação de incumprimento poderá baixar para 20 mil milhões de euros até 2022, metade do nível atual.

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