FMI afasta necessidade de programa de assistência financeira a Angola

  • Lusa
  • 16 Março 2018

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial desde finais de 2014, devido à quebra na cotação do barril do petróleo no mercado internacional.

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola disse esta sexta-feira que a instituição está disponível para negociar um programa de assistência financeira com o Governo angolano, mas admite que não haja necessidade face à valorização do petróleo.

A posição foi transmitida pelo economista brasileiro Ricardo Velloso, esta sexta-feira, em Luanda, na conclusão de duas semanas de reuniões dos especialistas do FMI com o Governo e instituições angolanas, no âmbito das consultas regulares ao abrigo do Artigo IV.

“Nós não recebemos qualquer pedido de apoio financeiro das autoridades. Eu acho que, dada a conjuntura internacional, de preços mais elevados do petróleo (…) não há necessidade de financiamento do FMI para Angola. Obviamente que, se recebermos o pedido, vamos analisá-lo com todo o cuidado, como fazemos com qualquer país membro do FMI“, explicou Ricardo Velloso.

Nós não recebemos qualquer pedido de apoio financeiro das autoridades.

Ricardo Velloso

Economista brasileiro do FMI

Estas consultas, em Angola, decorreram entre 1 e 15 de março, tendo o FMI concluído que a economia angolana “está a observar uma ligeira recuperação económica”, estimando um crescimento da economia, este ano, de 2,2% do Produto Interno Bruto, comparativamente com 1% registado em 2017, “em resultado de um sistema mais eficiente de afetação de divisas e da maior disponibilidade de divisas devido ao preço mais elevado do petróleo“.

“O novo executivo está, corretamente, a concertar-se na restauração da estabilidade macroeconómica e na melhoria da governação. Além disso, as perspetivas mais favoráveis relativamente ao preço do petróleo oferecem uma oportunidade para reforçar as políticas macroeconómicas e dar um ímpeto renovado às reformas estruturais, permitindo a Angola realizar o seu pleno potencial”, enfatizou Ricardo Velloso.

De acordo com a previsão do FMI, a inflação anual deverá permanecer elevada, projetando-se que atinja 24,7% no final deste ano, “refletindo, entre outros fatores, o efeito da depreciação do kwanza”. “A médio prazo, as perspetivas são de uma recuperação gradual da atividade económica, mas existem riscos, como o declínio dos preços do petróleo e derrapagens na implementação das reformas estruturais necessárias para promover a diversificação económica”, alertou Ricardo Veloso.

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, com um volume diário superior a 1,6 milhões de barris de crude. O Governo angolano estimou, no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, um valor médio de 50 dólares por cada barril de petróleo exportado. Contudo, desde o início do ano que a cotação internacional está acima dos 60 dólares, criando um excedente nas receitas fiscais angolanas.

“Um preço do petróleo mais elevado que o previsto no orçamento pode resultar em receitas extraordinárias que devem ser usadas na regularização mais rápida dos [pagamentos] atrasados internos e/ou na diminuição da dívida”, aponta o FMI.

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