Governo português testa blockchain. Tem 90.000 euros para dar
Portugal procura ideias para encarar os 17 desafios da Agenda 2030. O Governo tem 90.000 euros para dar a três startups que concorram à iniciativa GovTech. A votação é feita com moeda virtual.
O Governo português está a testar a tecnologia blockchain, o sistema que está na base da moeda virtual bitcoin. Para isso, vai criar uma espécie de moeda virtual, sem valor real, mas que ditará quais vão ser as startups a ganhar os três prémios de 30.000 euros que estão em jogo. No GovTech, a comunidade é desafiada a arregaçar as mangas e pôr mãos à obra, apresentando projetos que poderão ganhar escala a nível mundial. Para isso, as ideias têm de ser inovadoras e enquadrar-se num dos 17 objetivos globais da Agenda 2030.
Como funcionará isto? As candidaturas podem ser submetidas pelos interessados a partir de 2 de maio e até ao dia 8 de junho, num site que ainda está a ser desenvolvido para o efeito. Todos os portugueses poderão, depois, autenticar-se na plataforma via chave móvel digital e reclamar um saldo em tokens (moedas), que poderão usar, depois, para “investir” nos projetos que despertarem mais interesse. A plataforma está a ser desenvolvida pela Bright Pixel.
“É quase como se [os portugueses] fossem coinvestidores num projeto”, explicou ao ECO a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, salientando, porém, que se investe “numa unidade que se esgota no dia em que acabar”. “Naturalmente, nós não estamos a emitir moeda virtual”, referiu a governante. A intenção, sim, é aproveitar uma tecnologia cada vez mais popular para gerar comunidade e promover um projeto transparente. Se funcionar bem, a porta fica aberta a futuras aplicações.
Graça Fonseca continuou: “Na prática, estamos a falar de votos”. Quer o júri que vai existir no concurso, quer os cidadãos que se inscreverem, vão dispor de um saldo em “GOVTECH” para fazer esses “coinvestimentos”, dando mais probabilidade a esta ou àquela startup de ganhar um dos cabazes de 30.000 euros em dinheiro real que estão em jogo. Isto numa altura em que “muitos dos novos produtos e serviços” que vão surgindo “já estão muito alinhados com os objetivos da Agenda 2030” — só não sabem que o estão, indicou a secretária de Estado.
Hoje em dia, muitos dos novos produtos e serviços que estão a surgir na comunidade empreendedora estão muito alinhados com os objetivos da Agenda 2030. Provavelmente, muitos nem sequer têm a noção de que estão.
A votação dos projetos decorre até setembro, mas o dinheiro, apesar de ser uma ajuda, não é tudo na vida. Os vencedores poderão também escolher uma incubadora da rede nacional onde desenvolver a ideia, ter apoio à internacionalização (as ideias têm de encarar desafios globais, lembra-se?), ganham também três bilhetes Alpha para o Web Summit e têm a hipótese de celebrar um protocolo com o Estado para desenvolver e testar o respetivo produto ou serviço.
Esta é uma forma encontrada pelo executivo para encarar o compromisso assumido perante a Organização das Nações Unidas nos chamados “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Como lembrou Graça Fonseca, tratou-se de “um conjunto vasto de compromissos para os Estados” que foi “aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas”, tendo como foco a geração de ideias que contribuam para objetivos globais como “erradicar a pobreza e a fome” ou “reduzir as desigualdades”.
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