Dez anos depois, a Farfetch quer ajudar outras startups a ser como ela
Com dois mil clientes e uma entrada em bolsa no fim do ano, a Farfetch já cumpriu o seu sonho. Agora quer acelerar outras startups para cumprirem o seu.
Esta sexta-feira apresentaram-se sonhos no edifício da Farfetch, em Lisboa. Após dez anos de trabalho, sete rondas de financiamento e dois milhões de clientes pelo mundo inteiro, a empresa de ecommerce fundada por José Neves atingiu o seu sonho e quer agora ajudar a realizar os de outros empreendedores como ele.
Em parceria com a Burberry e a 500 Startups, um fundo de capitais de risco com sede em São Francisco, a Farfetch quer acelerar dez empresas do ramo do retalho de moda, num programa que tem como nome “Dream Assembly”. Porquê? “A palavra sonho é importante porque é a essência do empreendedorismo”, disse José Neves na apresentação.
O objetivo é partilhar com estes projetos escolhidos os conhecimentos nas mais diversas áreas de intervenção da empresa, bem como criar oportunidades e pontes entre quem tem sonhos e quem os pode tornar realidade. “Já no ano de 2008, o meu sonho era estarmos aqui hoje para convidarmos as startups de todo o mundo a vir construir o futuro do retalho connosco”, confessou o empresário.
"Já no ano de 2008, o meu sonho era estarmos aqui hoje para convidarmos as startups de todo o mundo a vir construir o futuro do retalho connosco.”
“Não tinha ideia de como se levantavam fundos, de como se fazia um business plan ou um pitch. Ou toda a parte da operação”, continuou ainda Neves. “Foram coisas que fomos resolvendo com muita energia orientados para o objetivo da empresa e agora que temos 2.000 pessoas, para mim a melhor equipa do mundo, e que atingimos uma dimensão mundial é que queremos que esta aprendizagem de dez anos passe para o ecossistema.”
E quais são as empresas que podem viver o sonho com a Farfetch? Já em conversa com o ECO, a responsável pelas operações da empresa, Stephanie Phair, disse que não há restrições se o objetivo é resolver problemas.
“Mantemos as opções em aberto, mas queremos principalmente startups que possam moldar o futuro do comércio, seja especificamente no retalho de luxo, ou também para mercados de massa. Qualquer coisa que resolva um problema na indústria, pode ser de ecommerce, logística, operações, front-end, personalização, recomendações, size and fit, offline sales, tudo isto”, enumerou Phair.
Entrada em bolsa ainda é segredo dos deuses
Ainda que seja uma empresa britânica, foi Lisboa a cidade escolhida para receber este programa de aceleração. Por um lado, José Neves afirma que é porque a Farfetch tem dupla nacionalidade: “É como aquelas pessoas que têm uma mãe portuguesa e um pai britânico”. Já Stephanie Phair garante que o ecossistema faz toda a diferença.
"Lisboa fez sentido porque Portugal é a casa da Farfetch e há um ecossistema muito vibrante e um grande apoio dos governantes aqui, tanto nacionais como municipais.”
“Lisboa fez sentido porque Portugal é a casa da Farfetch e há um ecossistema muito vibrante e um grande apoio dos governantes aqui, tanto nacionais como municipais”, justificou ao ECO.
Já em relação à entrada em bolsa, que estava no segredo dos deuses, assim continua. Questionada pelo ECO, a CSO da empresa não quis comentar esta operação, que porá um dos grande unicórnios do mundo a negociar em bolsa.
No princípio de março, o Financial Times falava que a IPO (oferta pública inicial) poderia acontecer até ao final deste ano, mas já esta quinta-feira a revista especializada Business of Fashion aponta para que isto passe de sonho a realidade já em setembro.
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