Quem são os gestores da polémica na CGD? Sete nomes, sete percursos
De onde vêm? O que faziam antes? Quanto ganham? Afinal, quem são os gestores da Caixa que não querem mostrar o património?
Parece que o turbilhão na Caixa Geral de Depósitos não vai acalmar tão cedo. Entre a discussão pública acerca dos salários dos gestores — com destaque para o do CEO António Domingues — e a recapitalização, houve ainda espaço para discutir se os novos administradores devem ou não ser obrigados apresentar as suas declarações de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional.
O ECO já lhe fez um guia para não se perder nas polémicas da Caixa, agora conheça os gestores que foram notificados pelo Tribunal Constitucional para entregarem as declarações de rendimentos e património. Com o Governo a desmarcar-se cada vez mais e uma recomendação do Presidente da República para que o fizessem, António Domingues e a sua equipa continuam a não entregar os documentos.
A conversa não parece ainda estar encerrada, mas no centro continua a estar a equipa de administradores executivos composta por sete nomes, quase todos ligados ao BPI.
António Domingues: CEO e chairman num só
A União Europeia parece não concordar com o modelo mas, pelo menos para já, António Domingues, que veio do BPI, acumula o cargo de CEO e o de chairman da Caixa Geral de Depósitos. Cargos que antes estavam desdobrados em duas pessoas mas que Domingues segura agora sozinho.
Domingues vai receber quase o dobro do que recebia o antecessor no cargo: um salário anual de 423 mil euros, em comparação com os 232,1 mil euros anuais de José de Matos. Isto sem contar com os prémios variáveis, que podem atirar a remuneração do atual CEO para mais de 600 mil euros.
O novo salário de António Domingues, que já fez correr muita tinta, é quase igual àquele que recebia no BPI. O relatório de contas de 2015 do banco privado de onde o gestor saiu permite saber que recebia lá 423,5 mil euros anuais, assim como um bónus de cerca de seis mil euros de diuturnidades, pela sua longa permanência de quase 27 anos no banco.
Ao novo salário na CGD, António Domingues vai juntar a sua pensão do BPI: por ter vindo de uma instituição privada, não existem restrições a esta acumulação de uma pensão privada e de um salário público.
A acrescentar ao património de António Domingues há ainda as suas ações e opções no BPI: 56 mil ações (que valem cerca de 62 mil euros) e opções no valor de 233 mil euros para exercer a partir de julho de 2015.
Emídio Pinheiro: Do topo do BFA
O nome mais conhecido da equipa escolhida por António Domingues é companheiro do BPI, tendo ingressado na instituição em 1990. Emídio Pinheiro passou por vários cargos dentro da instituição até, em 2005, chegar ao cargo que segurou até sair para a Caixa: presidente da Comissão Executiva do BFA.
Vai ganhar 337 mil euros anuais na Caixa Geral de Depósitos, como os restantes administradores executivos desta lista, mas o seu salário anterior é mais difícil de conhecer. O relatório de contas de 2015 do Banco de Fomento Angola, que (ainda) pertence maioritariamente ao BPI, indica que foram pagos aos sete membros da Comissão Executiva do Conselho de Administração um total de 395,2 milhões de kwanzas angolanos, o que, ao câmbio atual, são cerca de 2,1 milhões de euros, o que inclui tanto a remuneração fixa como a variável (por exemplo, prémios de desempenho).
Dividido aritmeticamente, resulta em cerca de 300 mil euros para cada um dos sete membros da Comissão Executiva do BFA, da qual Emídio Pinheiro era presidente. É um valor próximo (mas inferior) ao seu salário na CGD, mas que pode não refletir o seu salário anterior real por a remuneração não ser, muito provavelmente, dividida por igual entre os membros da Comissão.
Henrique Cabral Menezes: Enviado do Brasil
É um o único administrador executivo escolhido por António Domingues a vir da estrutura da Caixa Geral de Depósitos, mas o líder do Banco Caixa Geral Brasil tinha subido na escada dentro do BPI desde 1998, tendo chegado a administrador entre 2007 e 2009.
Desde o início de 2014 que Henrique Cabral Menezes gere o Banco Caixa Geral Brasil, que conta com duas agências no país do outro lado do Atlântico, e é detido, quase na totalidade, pela CGD. Entre a saída do BPI e o regresso à banca com a entrada no banco público, Cabral Menezes esteve no setor privado a fundar o Douro Capital Management e a fazer consultadoria no Reino Unido.
Tiago Ravara Marques: Made in BPI
Diretor dos Recursos Humanos no banco de investimento, Tiago Ravara Marques fez a sua carreira no BPI, onde António Domingues o foi buscar para lhe propor um lugar no conselho de administração do banco público.
Já foi administrador do BPI Pensões e, desde 2000, tomava conta dos recursos humanos, tendo tido um papel na negociação do contrato coletivo de trabalho da banca.
Pedro Leitão
Pedro Leitão é, juntamente com os dois administradores que se seguem nesta lista, um dos nomes propostos acerca dos quais o Banco Central Europeu mostrou reservas, dizendo que deveriam frequentar um curso na escola francesa INSEAD sobre Gestão Bancária Estratégia.
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É um facto que Pedro Leitão é, entre os sete administradores executivos, o único que não tem nenhuma experiência em banca — nem laços ao BPI.
Foi administrador da antiga PT, e demitiu-se em novembro de 2014, altura em que detinha 758 ações. Estava na direção da PT quando se investiu na dívida da Rioforte, ligada ao Grupo Espírito Santo, o que deixa Leitão envolvido num processo civil que ainda não está resolvido.
Paulo Rodrigues da Silva
Começou no BPI em 1992 e lá ficou até ao ano 2000, mas a maior parte do tempo que se seguiu foi administrador da Vodafone, onde exerceu cargos de gestão. Na altura em que foi chamado para a Caixa Geral de Depósitos tinha um papel de consultor.
João Tudela Martins
Diretor do risco no BPI desde fevereiro de 2016, Tudela Martins começou enquanto diretor comercial em 1996 no banco de investimento. Fez toda a sua carreira no BPI e vai, também ele, frequentar a formação no INSEAD.
Administradores não executivos também têm de entregar declarações
A equipa de António Domingues conta ainda com quatro administradores não executivos que também terão de entregar as declarações de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional. A lista inclui dois banqueiros estrangeiros, Herbert Walter e Ángel Corcostegui, e também Rui Vilar e Pedro Norton.
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