BCE prepara-se para deixar cair estímulos. Juros da dívida aceleram
Juros da dívida da Zona Euro voltam a acelerar depois de o economista-chefe ter dito que o banco central se prepara para anunciar o fim dos estímulos na reunião da próxima semana.
Comentários conservadores do Banco Central Europeu (BCE) estão a impulsionar os juros da dívida da Zona Euro nesta quarta-feira. Portugal não escapa a esta escalada do risco, mas a tendência é geral na região da moeda única com Itália a ser novamente o foco das atenções dos investidores.
Está cada vez mais próximo do fim o programa de estímulos que nos últimos anos ajudou a conter os juros dos governos da Zona Euro. Esta quarta-feira o economista-chefe do BCE, Peter Praet, revelou que no seio do banco central é maior a confiança de que a inflação está a subir para o nível que considera adequado para a economia — abaixo, mas perto de 2%. Mas os comentários de Praet não se ficaram por aqui: revelou que a autoridade monetária vai discutir na próxima semana a retirada gradual dos estímulos monetários.
“Temos sinais que mostram uma convergência da inflação rumo ao nosso objetivo, e tanto como a solidez da economia da Zona Euro como o facto de essa solidez estar a afetar cada vez mais os salários sustentam a nossa confiança de que a inflação vai atingir o nível abaixo, mas perto de 2% no médio prazo”, disse Praet, em Berlim, citado pela Reuters.
Temos sinais que mostram uma convergência da inflação rumo ao nosso objetivo, e tanto como a solidez da economia da Zona Euro como o facto de essa solidez estar a afetar cada vez mais os salários sustentam a nossa confiança de que a inflação vai atingir o nível abaixo, mas perto de 2% no médio prazo.
Estas declarações apanharam os investidores desprevenidos. Sobretudo depois da recente turbulência em Itália ter deixado o mercado mais expectante em relação a uma abordagem mais cautelosa do BCE, liderado por Mario Draghi, quanto ao seu programa de estímulos. Não foi isso que aconteceu e os juros da dívida estão a subir em força, com os investidores menos confortáveis em deter dívida da região.
No mercado português, as yields sobem em todos os prazos. Os juros associados às obrigações do Tesouro a 10 anos avançam mais de oito pontos para 1,909% — depois de ter superado os 2% com a instabilidade em Itália no final do mês passado. No prazo a 5 anos, a taxa soma para os 0,758%.
Juros a 10 anos portugueses aproximam-se da fasquia dos 2%
Fonte: Reuters
Itália continua a ser o centro das atenções, mas há outros fatores internos que contribuem para isso. Os juros a 10 anos disparam 18 pontos para 2,94% e voltam a namorar a fasquia dos 3% e a 5 anos a subida é de 25 pontos para 2,165%. Já a dívida espanhola a 10 anos avança para 1,467%.
“O mercado está muito sensível a mudanças no outlook do banco central e com a iminente mudança da abordagem do BCE, esta sensibilidade está a aumentar”, frisou Jan von Gerich, estratega da Nordea.
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