De cinco a 127 pessoas vai uma mão cheia de anos de distância. A startup portuguesa criou uma nova categoria de produto que vem revolucionar um mercado que vale 40 mil milhões de dólares.
“Porque é que estamos aqui?”, pergunta Vasco Pedro, CEO da Unbabel, no palco do auditório da Fundação Champalimaud, no final de dia desta quinta-feira. CEO da Unbabel, o engenheiro está sozinho em palco frente a uma plateia de pessoas entre as quais estão colaboradores, parceiros e clientes da startup portuguesa fundada há cinco anos. Slide seguinte, um balde de metal. No discurso, a missão e a visão da empresa: “Perceber e ser entendido” em qualquer parte do mundo.
“Costumo dizer que a tradução é como a água. Tornar a água acessível a qualquer parte do mundo foi um game changer, mudou as regras do jogo. Mas, a tradução, ainda está na ‘fase do balde’ no abastecimento de água'”, explica Vasco. “Queremos mudar isso? Estamos a mudar isso”, assegura.
Aqui, não se fala de magia mas de impacto, de fazer as coisas acontecer sem que nos preocupemos com elas. Por isso, ao mesmo tempo que Vasco assinala o potencial de pertencer à “geração mais escalável de sempre”, sublinha a importância que tem, nas empresas — suas clientes — a invisibilidade dos processos. “Desde que seja invisível, os clientes não estão preocupados na maneira como o fazemos”, assegura.
"[Com a Unbabel] a tradução acontece.”
Com clientes como o Pinterest, com 100 milhões de utilizadores ativos e com apenas dez pessoas dedicadas internamente à área de costumer service, ou a Skyscan, site de reserva de viagens que processa pedidos de 20 mil milhões de trajetos para clientes em 80 línguas, e que conseguiu melhorar o tempo de resposta de 17 para cinco horas desde que usa a plataforma, a Unbabel tem vindo a aumentar a carteira e a abrangência, de maneira a tornar o processo de tradução uma coisa “que acontece”.
Ainda assim, Vasco assume o potencial de uma machine translation estar ainda numa “fase infantil”. Hoje em dia, e a trabalhar para um mercado avaliado em 40 mil milhões de dólares mundialmente, a Unbabel acredita que as empresas do mercado não conseguem “traduzir nem 1% da informação disponível”. “Sinto sempre que estamos no princípio do processo de sermos muito bem sucedidos”, diz Vasco.
Translation as a Service
Mas a grande novidade da apresentação de Vasco não foram as taxas de crescimento, os resultados da empresa nem o potencial que o produto que a equipa que começou nas cinco pessoas e já vai nas 127 criou. A busca do novo modelo de entendimento, de resolver esse problema, criou um novo serviço, uma nova lógica de serviço: “Translation as a Service” (TAAS).
Só que a denominação não é de hoje mas de há cinco anos. É que, na altura em que a Unbabel dava os primeiros passos — sim, nos primeiros dias da empresa em Silicon Valley — recém-chegados à Califórnia para participarem no Y Combinator (a Unbabel foi a primeira startup portuguesa a integrar o acelerador), o domínio Unbabel.com já estava registado.
Os fundadores tinham escolhido o nome mas, perante a impossibilidade de terem o site .com, foi-lhes feito um ultimato por Paul Graham, cofundador do YCombinator: ou resolviam o problema, ou teriam de mudar de nome. E, da lista apresentada por Graham à equipa, existia o tal TAAS.
No final do processo, não foi necessário mudar o nome, mas a categoria estava criada, em nome e em dinâmica. E, desde o primeiro dia, é também isso que a família Unbabel celebra a cada dia de Ação de Graças. Todos os anos, a empresa reúne-se como se de uma família verdadeira se tratasse. À mesa, mais de 200 pessoas trocam o trabalho do dia a dia pelo convívio de um dia especial que, agora, conta Vasco, “parece um casamento”. A tradição é mais do que um encontro anual para conversar sobre outras coisas que não sejam assuntos de trabalho. “Construir entendimento é o que fazemos, é a nossa missão. E também a maneira como trabalhamos”. Porque, como diz Pedro, “a língua deixou de ser uma barreira”.
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Como é que a Unbabel está a criar uma nova categoria de produto
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