OE2019: Santos Silva avisa BE para não ceder “à tentação de fazer ultimatos”
Para Santos Silva, há atualmente “todas as condições para que próximo Orçamento seja aprovado”, sendo que “do ponto de vista negocial as coisas até são mais simples, porque foi construída confiança".
O ministro dos Negócios Estrangeiros avisou este domingo o Bloco de Esquerda para que não “ceda à tentação de fazer ultimatos” na negociação do próximo Orçamento do Estado, cuja aprovação diz abrir caminho à renovação do acordo à esquerda em 2019.
“O que é preciso fazer é negociar sem ultimatos”, sustentou Augusto Santos Silva, acrescentando: “O Partido Socialista tem-no dito com toda a clareza, o Partido Comunista Português tem-no dito com toda a clareza, ao Partido Ecologista Os Verdes nunca lhes ouvi dizer o contrário, mas o Orçamento precisa do voto dos quatro partidos que constituem a atual maioria parlamentar”.
Neste sentido – sustentou, sem nunca se referir diretamente ao Bloco de Esquerda (BE) – “é muito importante que nenhum dos partidos que constituem hoje a maioria parlamentar ceda à tentação de estabelecer, implícita ou explicitamente, qualquer tipo de ultimato”.
É muito importante que nenhum dos partidos que constituem hoje a maioria parlamentar ceda à tentação de estabelecer, implícita ou explicitamente, qualquer tipo de ultimato.
O ministro dos Negócios Estrangeiros falava em Vila Nova de Gaia na abertura de uma das várias sessões que o PS está a promover com militantes e simpatizantes em todos os distritos do Continente para preparar o debate do Estado da Nação, que decorre na sexta-feira no Parlamento.
Para Santos Silva, há atualmente “todas as condições para que o próximo Orçamento seja aprovado”, sendo que “do ponto de vista negocial as coisas até são mais simples, porque foi construída confiança entre os parceiros” e porque todos ganharão “com o facto de a legislatura decorrer normalmente até ao seu término”.
“Cumprimos todos os nossos compromissos de Governo, não só corrigimos os efeitos da crise, como fizemos reformas que foram além dessa redução e fizemos ambas as coisas porque não hesitamos na nossa pertença europeia. Por isso é tão decisivo que este percurso seja terminado, que as posições conjuntas sejam respeitadas e que o compromisso essencial dos quatro partidos que as subscreveram seja cumprido até ao último dia desta legislatura”, sustentou.
O objetivo, disse, é permitir que após as eleições legislativas de 2019 seja possível a esquerda voltar a “construir um governo que tenha todos os requisitos necessários para governar estavelmente”, possibilitando que “todos os que colaboraram e colaboram com a atual solução política possam retirar benefícios dos méritos dessa solução”.
“Não reclamo e estou muito longe de reclamar exclusivamente para o Partido Socialista os méritos do atual Governo e da atual governação, porque todos aqueles que têm permitido ao PS aprovar os orçamentos podem participar dos benefícios da governação”, disse.
Reiterando por diversas vezes a importância de “a atual legislatura terminar nos prazos próprios”, o governante afirmou serem “muitas” as razões “que exigem o prolongamento da solução política” e “uma renovação do mandato do Governo do PS”, concluído que está “o essencial do programa para esta legislatura” e só podendo ter “solução numa nova legislatura” algumas das “novas questões que agora se colocam”.
Como exemplos, Augusto Santos Silva avançou “as questões relativas à reestruturação das carreiras da Administração Pública, à política de preços e rendimentos, à aplicação do novo pacote de fundos comunitários e à materialização dos programas de descentralização”.
“A melhor maneira de preparar uma nova legislatura em que esquerda governe o país e o PS lidere a esquerda, a melhor maneira de preparar a renovação do mandato, é concluir com êxito, estavelmente, a atual legislatura com esta solução política”, reforçou.
A melhor maneira de preparar uma nova legislatura em que esquerda governe o país e o PS lidere a esquerda, a melhor maneira de preparar a renovação do mandato, é concluir com êxito, estavelmente, a atual legislatura com esta solução política.
Apontando como “solução política futura mais lógica e natural” uma “solução que reproduza a atual solução parlamentar, independentemente de o PS ter ou não a maioria dos deputados”, Santos Silva rejeitou qualquer “fantasma de aproximação tática que seja” entre os socialistas ou o Governo e o PSD.
“Não se trata de o PS querer governar com a esquerda para umas coisas e querer o acordo do PSD para outras”, garantiu, assegurando que com os sociais-democratas o PS apenas procura “entendimentos sobre políticas de Estado ou sobre grandes quadros políticos de aplicação em mais do que uma legislatura, para cuja sustentabilidade é muito importante o acordo que permita fazer dois terços do parlamento”.
“O PS quer governar com a esquerda, quer ser uma alternativa clara face a um governo do PSD e do CDS” e só “procura entendimentos mais largos nas áreas em que uma maioria qualificada no parlamento é necessária e esses entendimentos estão abertos a todos os partidos que os quiserem subscrever”, sustentou.
Para Santos Silva, a “grande escolha em 2019 será mais uma vez entre um governo de esquerda e um governo de direita”.
“O nosso adversário é a direita e esperamos que os nossos parceiros tenham a mesma visão da situação política em Portugal e cá estaremos para conseguir o melhor resultado possível para o PS, sem nenhuma obsessão pela dimensão desse resultado”, rematou.
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