Risco de Portugal agrava-se para níveis pré-DBRS
Taxa de juro da dívida a 10 anos supera a barreira dos 3,5%, algo que não acontecia desde a semana que antecedeu o Orçamento do Estado. E numa altura em que a agência DBRS mantinha Portugal "refém".
Os juros da dívida portuguesa estão a disparar. A perceção de risco nos mercados escala para o nível mais elevado desde que Mário Centeno, ministro das Finanças, levou a proposta de Orçamento do Estado ao Parlamento no passado dia 14 de outubro. Nessa altura, Portugal estava “refém” da DBRS, a agência canadiana que na semana seguinte iria decidir se o país continuava ou não qualificado para o programa de dívida do Banco Central Europeu (BCE).
No mercado secundário, os juros nacionais voltavam esta sexta-feira a subir em todos os prazos. E em força. No caso das obrigações a 10 anos, a referência no mercado, a taxa implícita avançava mais de 12 pontos base para 3,523%, o nível mais elevado desde o dia 7 de outubro. A cinco anos, a yield associada subia sete pontos base para 1,99%.
O movimento de agravamento do risco era generalizado a outros mercados. Em Espanha, na mesma maturidade, a taxa implícita também avançava mais de dez pontos base para valores observados após o referendo no Reino Unido no final de julho. E no caso italiano, os juros subiam para um valor acima de 2% pela primeira vez desde setembro.
Juros portugueses agravam-se no mercado secundário
Na Alemanha, a taxa de juro da dívida a dez anos seguia nos 0,305%, o nível mais elevado desde março. Ainda assim, a escalada das taxas de Portugal faz com quem o prémio de risco exigido pelos investidores para apostarem na dívida nacional em detrimento dos títulos da maior economia da Europa disparar para 319 pontos base, nível a que estava quando aguardava o veredicto da DBRS.
Assiste-se a uma movimento de fuga às obrigações soberanas, com os investidores a refletirem no mercado de dívida os receios em torno das políticas que serão adotadas nos EUA pelo futuro presidente, Donald Trump. O receio é de que faça disparar a inflação, forçando a Fed a subidas abruptas dos juros.
Para Adam Donaldson, diretor de obrigações da Commonwealth Bank of Australia, a eleição de Trump é um “game changer” para os mercados obrigacionistas. “A forte inclinação [de Trump] para maior expansão orçamental e da inflação representa uma mudança radical face ao mal-estar dos últimos anos. Isto abre a porta para a Fed subir os juros em dezembro e para o ritmo de subidas das taxas ser mais rápida em 2017 e 2018 do que o esperado”, acrescentou.
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