BCE: Vitória de Trump aumenta incerteza política
Vários responsáveis do Banco Central Europeu alertam que a vitória de Donald Trump aumenta a incerteza política. E que as economias devem ser reforçadas para aguentarem este tipo de choque.
São vários os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE) que alertam que a Europa tem de ter uma economia forte para aguentar todos os choques mundiais. Incluindo a vitória de Donald Trump, que se junta a outros obstáculos como o Brexit. No entanto, parece ser ainda demasiado cedo para se perceber se o resultados das eleições dos EUA terá impacto na decisão do banco central.
O resultado das eleições “é uma lição para a Europa: num mundo onde os choques estão a aumentar, a Europa tem de manter o controlo do seu destino“, diz Benoît Cœuré numa entrevista citada pela Bloomberg. Quando fala de choques, o responsável do banco central refere-se às promessas de Trump durante a campanha, de renegociar ou pôr fim a alguns acordos comerciais, à saída do Reino Unido do mercado único europeu e ao combate das maiores economias da Europa frente ao aumento do populismo antes das eleições nacionais.
“Para a Europa ser forte em termos de defesa e segurança, tem de ter uma economia forte. E para a economia ser forte, são necessárias reformas em cada país e a zona euro tem de funcionar melhor”, explica Benoît Cœuré. Acrescenta que ainda é demasiado cedo para se perceber se a vitória de Trump vai afetar a próxima decisão sobre a política do BCE, agendada para 8 de dezembro.
Mas não é apenas Cœuré que está preocupado com os desenvolvimentos mundiais. O alemão Jens Weidmann questiona até que ponto o protecionismo e o isolamento vão determinar a agenda política futura. “Não é só o sentimento relacionado com o Brexit, mas mais recentemente o resultado das eleições presidenciais dos EUA” que levantam esta questão, nota o responsável do banco central.
Já o vice-presidente do BCE alerta que a economia mundial enfrenta “um grau anormal de incerteza”. Vítor Constâncio diz que a Europa “terá de fortalecer a sua união e integração e também precisa de mais crescimento económico”, que se mantém frágil. A inflação também continua longe do alvo do banco central de perto mas abaixo dos 2%. E é por isso que a política tem de se manter acomodatícia até que este alvo seja alcançado. Constâncio diz que começam a ver uma aceleração da inflação e “podemos esperar que a subida dos preços se situe acima de 1% na primavera do próximo ano”. Em nenhum momento o banqueiro se referiu ao fim dos estímulos. Pelo contrário, assegurou que a política monetária do BCE tem oferecido uma contribuição crucial para a recuperação da Zona Euro.
Atenção à volatilidade
A reação dos mercados é uma das preocupações dos banqueiros centrais. “No curto prazo, estaremos atentos à reação dos mercados financeiros”, diz Benoît Cœuré. “Temos de evitar a volatilidade excessiva. No futuro, avaliaremos as consequência da vitória de Trump para a economia global e para a zona euro“, realça o responsável. E esta volatilidade ficou bem visível depois de se saberem os resultados das eleições.
A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas atirou os mercados para o vermelho. As bolsas europeias abriram a cair mais de 1% — no PSI-20 a quebra foi de 3% –, o ouro tocou máximos desde o Brexit e o petróleo recuou. Para além disso, o dólar registou uma quebra de 3% face ao iene e o peso mexicano afundou 13% contra a nota verde. Mas entretanto a calma regressou aos mercados financeiros.
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