Banca ainda tem 5,5 mil milhões em casas para vender. Um terço são do Novo Banco
No final de junho, o valor dos imóveis que os seis maiores bancos nacionais tinham em carteira ascendia a 5.533 milhões de euros. Há uma quebra de 2,5% face ao final de 2017.
Oito anos após o estalar da crise, os bancos ainda continuam a tentar desfazer-se dos imóveis entregues pelas famílias que deixaram de conseguir cumprir com o pagamento das prestações. Os imóveis que ainda têm em carteira estão avaliados em mais de 5,5 mil milhões de euros.
Este é o montante global a que os seis maiores bancos nacionais — Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP, Novo Banco, Santander Totta, BPI e Montepio Geral — avaliavam no final de junho os imóveis que tinham em carteira, segundo os respetivos relatórios e contas do primeiro semestre. Mais especificamente, 5.533 milhões de euros.
Mais de um terço desse valor está no balanço do Novo Banco. A carteira de imóveis do banco liderado por António Ramalho estava avaliada no final do primeiro semestre em perto de dois mil milhões de euros. Mais especificamente, 1.923 milhões, correspondentes a 35% do valor global.
Valor dos imóveis na carteira dos bancos em junho
Fonte: Relatórios e contas dos bancos
Segue-se-lhe o BCP com uma carteira avaliada em 1.664 milhões de euros, em junho. Ainda assim, a instituição financeira liderada por Miguel Maya foi aquela que mais conseguiu reduziu o valor dos imóveis no balanço. Nos primeiros seis meses de 2018, a carteira encolheu em 118 milhões de euros, ou em 6,6%.
Em termos percentuais, foi contudo, o BPI que apresentou a maior quebra da sua carteira de imóveis, mas cujo valor global também é o menos representativo do universo de bancos considerado. A instituição financeira liderada por Pablo Forero registou uma diminuição de 15% (12,3 milhões de euros) na sua carteira de imóveis que passou a ser de 67,7 milhões de euros e a representar apenas 1,2% da carteira total dos bancos.
Já o Santander Totta conseguiu baixar em 12% (15,4 milhões de euros), para em torno de 113 milhões de euros, o valor dos imóveis detidos. Também o Montepio Geral conseguiu baixar a sua carteira de casas, mas em apenas 1% (8,4 milhões de euros), para 789 milhões de euros.
Apenas a CGD não o conseguiu fazer baixar o valor da sua carteira de imóveis na primeira metade do ano. No final de junho, esta estava avaliada em 976 milhões de euros, a terceira maior do universo de bancos considerados. Este montante representa um acréscimo de 8% (73,5 milhões de euros) quando comparado com os 902,5 milhões detidos em casas pelo banco público no final de 2017.
Momento positivo para vendas
A tendência observada na CGD não foi, contudo, suficiente para impedir que o saldo global seja positivo no que respeita à evolução da carteira de imóveis. Face ao final do ano passado, o valor global dos imóveis detidos por aquelas seis instituições financeiras caiu em 147 milhões de euros, ou 2,6%, face aos 5.680 milhões de euros a que estavam avaliados em dezembro do ano passado.
Essa tendência não é alheia ao bom momento que o setor imobiliário. O BCP justifica a quebra do valor dos imóveis que tem em carteira precisamente com esse argumento. “Salienta-se que no primeiro semestre de 2018 foram alienados mais 36% de imóveis do que no primeiro semestre de 2017, sendo que o valor de venda dos mesmos tem vindo a situar-se acima do respetivo valor contabilístico de forma consistente e com ganhos crescentes“, explica a instituição financeira no relatório e contas do primeiro semestre.
Em média, no primeiro semestre de 2017 o valor de venda foi cerca de 11,5% acima do valor contabilístico, enquanto no primeiro semestre de 2018 esse ganho médio foi de 13,8%, especifica o banco, salientando ainda que “esta performance positiva enquadra-se num contexto de evolução favorável do mercado imobiliário”.
"Salienta-se que no primeiro semestre de 2018 foram alienados mais 36% de imóveis do que no primeiro semestre de 2017, sendo que o valor de venda dos mesmos tem vindo a situar-se acima do respetivo valor contabilístico de forma consistente e com ganhos crescentes.”
O Novo Banco também denota estar a tentar tirar partido do bom momento a que se assiste no mercado imobiliário. Nesse período, conseguiu encolher o valor dos imóveis em carteira em 66,6 milhões de euros. Ou 3,35% face aos 1.989 milhões em imóveis que detinha no final do ano passado. “Temos implementado um plano com vista à venda imediata dos imóveis registados em outros ativos, continuando a desenvolver todos os esforços com vista à concretização do programa de alienações estabelecido”, especifica o banco nos seus resultados relativos ao primeiro semestre.
No seguimento dessa estratégia, o Novo Banco anunciou em meados do último mês que iniciou a venda de uma carteira composta por nove mil imóveis avaliados em 700 milhões de euros, a maioria dos quais situados em Lisboa e no Porto. Com a designação de “Project Viriato”, esta operação imobiliária é assessorada pela Alantra, sendo que a carteira representa cerca de 30% do total de imóveis que a instituição presidida por António Ramalho pretende vender. Esta será uma das duas operações que o banco tem, previstas para este ano para limpar o balanço.
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