Bancos estão a preparar-se para hard Brexit, diz IGCP
As instituições bancários estão a preparar-se para o caso do Reino Unido sair da União Europeia sem acordo.
A presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e Dívida Publica (IGCP) disse esta terça-feira que os bancos estão a preparar-se para uma solução de “hard Brexit”, ou seja, uma saída sem acordo, sem riscos para o setor financeiro.
“Os bancos estão todos a preparar-se para a solução de ‘hard Brexit’ [saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo], portanto o que vai acontecer é que se for um período de transição, em que a equivalência é o regime, já vai chegar tarde, porque já está toda a gente a preparar-se para se não for essa a solução”, disse Cristina Casalinho à agência Lusa.
A responsável falava à margem de uma conferência sobre o tema “’Brexit’: uma negociação complexa”, organizada pela Câmara do Comércio e Indústria Luso-Espanhola e o Institute of Public Policy.
“Não há um quadro totalmente claro e, portanto, as pessoas preparam-se para o pior, para não ter riscos”, afirmou a presidente do IGCP, explicando que hoje em dia “é tudo muito uniforme” e, por isso, uma das principais dificuldade é que se espera que tudo passe a ser “mais fragmentado”.
“Mas há entidades que têm já soluções próximas daquilo que poderá a ser o futuro, mas não há certeza que essas soluções sejam validas ou não”, referiu.
Durante a sessão, Cristina Casalinho sinalizou para a complexidade da negociação associada à saída do Reino Unido da União Europeia e explicou algumas preocupações do setor financeiro, tais como a garantia da continuidade contratual e dos serviços e como assegurar a capacidade de compensação de operações.
Entre os riscos de médio prazo, a responsável falou na arbitrariedade entre autoridades e na garantia de integridade e transparência dos mercados.
Exemplificando com o caso português, para uma entidade do Reino Unido poder operar em Portugal, após o ‘Brexit’, terá que pedir autorização à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) portuguesa.
“O nível de fragmentação e de soluções avulsas será grande”, disse Cristina Casalinho, referindo, no entanto, que a maior parte dos bancos britânicos já pediram estas autorizações.
Segundo a responsável, serão várias as alterações a preparar, nomeadamente ao nível da documentação (assinatura de novos contratos), contabilização, reporte e liquidação/compensação e estas envolverão “claramente um aumento de custos”.
Os chefes de Estado e de Governo da UE a 27 reúnem-se num Conselho Europeu extraordinário, no próximo domingo, em Bruxelas, para aprovar o projeto de acordo alcançado na semana passada, subsistindo a incógnita em torno da aprovação do documento pelo parlamento britânico, já que são muitas as vozes contra os contornos do acordo, incluindo dentro do partido conservador de Theresa May.
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