Da ideia à mesa: os números do acelerador mais ambicioso da Startup Lisboa
Incubadora lisboeta lançou programa From-Start-to-Table em outubro deste ano. Vinte e dois projetos foram acelerados, 31% dos quais com fundadores estrangeiros.
Vinte e uma startups e 36 participantes. O From-Start-to-Table, programa de aceleração mais ambicioso da Startup Lisboa, chegou ao fim esta terça-feira. Em noite de demo day — o dia em que as startups fazem o pitch final perante o júri –, houve dois vencedores — tech e não tech — e uma surpresa.
A Breadfast, startup de entrega de pequenos-almoços (que, há menos de um mês, saiu vencedora do concurso de pitch da Taxify), levou para casa o prémio de “Best team” entre as 21 participantes. Na categoria “não tech”, os alemães Nils Schwentkowski, Stephanie Hunstock e Hendrik Reaufmann levaram para casa o primeiro lugar com a sua Lemon’Mate, bebida energética natural certificada e biológica e produzida em Portugal, e a primeira marca da Why Not Beverages. Já na categoria “tech”, o primeiro lugar foi para a TempJobs, um marketplace de trabalhadores independentes em tempo real fundada por Tiago Pereira.
“No primeiro segundo do programa, as pessoas viam-se como concorrentes. Mas, desde o segundo segundo até ao final, foi notório que passámos a apoiar-nos uns aos outros”, explica Mário Tarouca, fundador da Breadfast, em conversa com o ECO. Para a startup de entregas de pequenos-almoços ao domicílio — que recentemente comprou a concorrente no mercado –, o programa de aceleração foi uma forma de abrandar o ritmo e repensar processos.
“Foi um passo ao lado, abrandámos um pouco as nossas operações para dar agora saltos enormes para o futuro. Sempre tivemos uma posição de transparência e de abertura para mostrar os projetos e os processos e a maneira como fazemos as coisas. E essa partilha foi recompensadora porque as pessoas deram-nos feedback, conseguimos aprender com elas. Falámos com dezenas de mentores, recebemos feedback, implementámos muitas coisas e agora temos de perceber quais são os próximos passos”, acrescenta.
“É muito compensador ver a fase em que os projetos entraram, a dedicação, tudo o que aconteceu de bom e menos bom. Mais do que termos uma ideia que tentámos que fosse inovadora e diferenciadora em relação a outros projetos de aceleração, não só no setor mas também tech e não tech. Marta Miraldes, diretora do programa, fez o balanço dos últimos dois meses de trabalho.
Dos 22 projetos selecionados de entre mais de 100 candidaturas, metade foram tech e a outra metade não tech. Do total dos 36 participantes, 58% são homens e 42% mulheres, sendo a participação maioritariamente nacional (69%). Ainda assim, dos 31% estrangeiros, os participantes vieram de oito países: Reino Unido, Alemanha, França, Nicarágua, Síria, Tailândia, Filipinas e Brasil.
“Viajei durante 25 horas para vir para Lisboa”, conta Gerardo Escudero Samara, que chegou a Lisboa, diretamente do México há nove semanas, para acelerar o seu Chillout Lounge. O empreendedor com dupla nacionalidade, Nicarágua e México, é fundador de um dos projetos estrangeiros acelerados. “Todos os dias procuro oportunidades e vi esta, candidatei-me e entrei. Foram nove semanas muito intensas mas definitivamente, foi a melhor experiência da minha vida. Sou agora um melhor ser humano e um melhor empreendedor”, disse.
Marta Miraldes sublinha que a alta presença de projetos fundados por estrangeiros está relacionada com vários fatores: “Lisboa e Portugal estão cada vez mais a ser procuradas por founders estrangeiros. Depois, pela diferenciação do próprio programa, por ter como base a cocriação e por juntar os tech e os não tech. Tudo isso potenciou termos oito nacionalidades.”
O acelerador talvez tenha sido o mais ambicioso da história de mais de seis anos de Startup Lisboa: o programa incluiu, logo na abertura, um team building culinário, uma espécie de Master Table com direito a provas práticas… na cozinha e na mesa.
“Sabíamos que tínhamos uma enorme responsabilidade: pôr de pé um programa com enormes desafios. Desde logo, o setor a que se destinava”, analisa Miguel Fontes, diretor da Startup Lisboa, a promotora do programa. “Temos um histórico de acelerar e incubar projetos essencialmente tecnológicos, com modelos de negócio ligados à tecnologia e com enorme escalabilidade. E sabíamos que aqui íamos apanhar uma franja do empreendedorismo diferente, nomeadamente uma das partes com novos conceitos, novas ideias, mas que nasceu de uma necessidade concreta. Percebemos nos últimos tempos que havia uma procura grande, uma grande necessidade e que era também nossa responsabilidade poder qualificar esta oferta”, explica Miguel Fontes, diretor da Startup Lisboa, ao ECO.
Havia uma procura grande, uma grande necessidade e que era também nossa responsabilidade poder qualificar esta oferta.
“Depois não quisemos perder o nosso ADN: criámos um programa de co-criação, tendo uma parte de projetos tecnológicos com o foco de desenvolverem soluções para o setor da restauração (…) Foi um programa super intensivo: para quem não está tão familiarizado com os nomes, aceleração significa pegar em projetos numa fase muito inicial e percorrer todas as dimensões críticas de qualquer modelo de negócio. E muitos deles foram questionados de A-Z e reinventados”, acrescenta.
Durante as nove semanas em que durou o programa, os participantes contaram com o apoio de mais de 40 mentores, 60 oradores, 23 workshops e nove inspirational talks, além de quatro debates sobre inovação e tendências do setor. O programa integrou ainda oito visitas a locais relevantes para o ecossistema da restauração e 44 horas de check point individual aos projetos.
Em perspetiva está a realização de uma segunda edição, que dependerá sobretudo da garantia de apoios. “É um programa ainda exigente do ponto de vista financeiro, e que só é possível a uma incubadora como a Startup Lisboa, graças a parceiros como o Turismo de Portugal. O orçamento ultrapassa a centena de milhar de euros”, conclui Fontes.
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