Flexdeal entra em bolsa com capitalização de 16 milhões de euros. É o presente no “sapatinho” da Euronext

A primeira SIMFE portuguesa chega à bolsa num momento de turbulência para os mercados. CEO quer distribuir dividendos de 60% dos lucros este ano e manter a estratégia nos próximos.

Entrada em bolsa da primeira Sociedade de Investimento para o Fomento da Economia (SIMFE) portuguesa, a Flexdeal.Hugo Amaral/ECO

Após um aumento de capital de cinco milhões de euros, a Flexdeal vai entrar na bolsa de Lisboa na próxima segunda-feira, com uma capitalização de mercado de 16 milhões de euros. É a primeira Sociedade de Investimento para o Fomento da Economia (SIMFE) portuguesa, a que a próxima presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, chama de presente no “sapatinho”.

“É um dia especial para a bolsa. Temos aqui uma tripla celebração porque temos mais uma empresa em bolsa — a Flexdeal –, mas também porque temos a primeira SIMFE cotada e porque temos uma novidade no modelo de colocação, com uma entrada em mercado regulamentado na sequência de uma colocação privada“, afirmou Ucha, que irá assumir funções como presidente da Euronext Lisbon em janeiro. “Caiu-nos no sapatinho”, acrescentou na sessão especial de bolsa que decorreu esta sexta-feira.

A entrada em bolsa da Flexdeal irá acontecer após uma colocação privada de um milhão de novas ações a cinco euros cada, representativas de 31% do capital. A operação resultou num aumento de capital de cinco milhões de euros. É a primeira vez em Portugal que é realizada uma admissão após colocação privada.

Segundo Isabel Ucha, este é um regime que permite flexibilidade na colocação (por permitir que ao longo de um ano a empresa faça prospeção de investidores), mas também oferece discrição na operação e é simples por não ser obrigatória a apresentação de prospeto da colocação.

Admissão em momento de incerteza

O ambiente de festa na bolsa de Lisboa pela apresentação da nova cotada foi, ainda assim, ensombrado pelo momento negativo. Além da desvalorização das ações portuguesas, nas últimas semanas caíram dois aumentos de capital e uma oferta pública de venda viu-se obrigada a adiar o período de subscrição.

Gabriela Figueiredo, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), apontou para a “maior incerteza sentida nos mercados”, mas defendeu que se está “a assistir a um momento de renovação e reinvenção dos mercados de capitais, de que a primeira SIMFE cotada em Portugal é um sintoma” e que “mesmo transações não bem-sucedidas, não devem ser dramatizadas”.

Alberto Amaral, CEO da Flexdeal, também reconheceu que as quedas de outras operações pesou sobre a estratégia da empresa. “A altura do mercado pode não ser a mais favorável e tivemos outros exemplos que correram como inicialmente previsto, mas isso foi um fator de força e determinação. De conseguir ultrapassar as dificuldades que o mercado demonstrava e conseguir os cinco milhões de euros que tínhamos definido”, explicou, em declarações ao ECO após a apresentação.

A altura do mercado pode não ser a mais favorável, mas isso foi um fator de força e determinação.

Alberto Amaral

CEO da Flexdeal

O CEO considera que a colocação privada, em detrimento de uma oferta pública, a que se irá seguir a dispersão de 100% do capital em bolsa foi fundamental para o sucesso. “Conseguimos ter a gestão e o controlo do tempo que uma IPO muitas vezes não permite e aí estaríamos mais expostos às condições de mercado. Também nos permitiu sermos nós a escolher o perfil dos nossos acionistas. Penso que essas duas variáveis foram fundamentais para o sucesso: o timing e a escolha dos acionistas”, sublinhou.

A nova estrutura acionista mantém Método Garantido como principal acionista, com 68,28% do capital (face aos anteriores 99,48%), sendo Rafael Rocha o segundo maior acionista (com 12,42%). O Montepio Nacional de Farmácias detém 3,10% do capital, Domingos Guimarães 2,48%, Paulo Sousa 1,24%, a Soaserv Consultoria 2,48% e José Carlos Coelho 1,86%.

Dividendo de 60% do lucro em 2018

Criadas no âmbito da dinamização do mercado de capitais prevista no Programa Capitalizar, a lei das SIMFE obriga a que estes veículos sejam cotados em bolsa até um ano depois de serem aprovados pela CMVM. “Era importante para nós cumprir o calendário, que tinha como deadline dia 5 de janeiro para ocorrer. Não houve da nossa parte uma antecipação de calendário e deixamos correr como estava previsto“, afirmou Amaral.

O objetivo das SIMFE é o investimento em pequenas e médias empresas (PME), mas também em mid caps e small mid caps. A lei obriga a que os instrumentos de capital representem um mínimo de 50% do património da empresa. Atualmente, a Flexdeal detém uma carteira 12 milhões de euros em 27 participações. Nos primeiros 12 meses de atividade (terminados em setembro), os rendimentos da sociedade atingiram um milhão e meio de euros.

“Relativamente aos acionistas, diria que — enquanto cá estiver a liderar esta equipa — podem contar que vamos sempre trabalhar para vocês”, diz Alberto Amaral, CEO da Flexdeal.Hugo Amaral/ECO

“Às empresas, gostaria de deixar uma mensagem muito clara. Quando entra uma empresa no ecossistema da Flexdeal além da liquidez é uma economia partilhada, o que permite uma economia de custos, criar valor, confiança e acesso a relações e sinergias que de outra forma não seriam possíveis”, referiu o CEO.

“Relativamente aos acionistas, diria que — enquanto cá estiver a liderar esta equipa — podem contar que vamos sempre trabalhar para vocês. Contem não só com a criação de valor, mas também com a distribuição de valor”, acrescentou. Enquanto o decreto-lei obriga ao pagamento de dividendo de, pelo menos, 30% dos lucros, Alberto Amaral quer ir mais longe: a Flexdeal irá distribuir dividendos de 60% do resultado relativo ao exercício de 2018 e, no próximo ano, pretende manter a estratégia.

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