Da esquerda à direita, as reações dos partidos à mensagem de Ano Novo

  • Lusa e ECO
  • 2 Janeiro 2019

Do Bloco de Esquerda ao CDS, passando pelo PCP, PSD e o PS, todos concordam com as ideias defendidas por Marcelo Rebelo de Sousa na Mensagem de Ano Novo. Veja as reações.

Marcelo Rebelo de Sousa centrou a habitual mensagem de Ano Novo nas eleições que se avizinham. Deixou o apelo aos portugueses para que votem, mas também atirou aos partidos, para que façam escolhas acertadas nos candidatos que apresentam. O Presidente da República alertou ainda para a necessidade de combater os populismos, isto ao mesmo tempo que sublinhou a necessidade de justiça social. Recados recebidos pelos partidos que, um a um, reagiram, mostrando-se de acordo.

Bloco de Esquerda apela a combate à extrema-direita

“O Presidente da República chamou a atenção para a necessidade de um combate largo contra a extrema-direita, que pretende destruir o regime democrático. Fazer esse combate largo fundado no Estado de Direito, no pluralismo político, na cidadania é um ponto importantíssimo nos dias de hoje — afinal de contas é o espelho dos Bolsonaros [uma referência ao novo Presidente do Brasil] que se verte sobre esse mundo de conflitos”, salientou Luís Fazenda.

De acordo com Luís Fazenda, o Bloco de Esquerda também “sublinha que a mensagem do Presidente da República tenha contido referências muito expressivas sobre as desigualdades, a pobreza e a indignidade”.

“Mas assinalamos a contradição entre a vontade de querer mudar essas situações negativas no país e depois encorajar e recomendar vivamente uma maior integração europeia. As políticas da União Europeia têm vindo a agravar todas as desigualdades e a incapacitar o país na senda do desenvolvimento, diminuindo-o”, sustentou o dirigente do Bloco de Esquerda. Ou seja, na perspetiva de Luís Fazenda, na mensagem do Presidente da República “a solução não coincide com o diagnóstico”.

“Nesse sentido, o Bloco de Esquerda irá confrontar-se abertamente com todas as outras opiniões nas próximas eleições europeias e para a Assembleia da República. Aliás, o Presidente da República intima a que todos os partidos o façam. Nós fá-lo-emos”, indicou. Luís Fazenda afirmou, nesse contexto, que as bandeiras do Bloco de Esquerda passarão por “retomar os direitos do trabalho, reforçar os serviços públicos e salvar o Serviço Nacional de Saúde”.

PCP salienta papel na justiça social

Na reação à mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, o PCP salientou a questão da justiça social. “Nós queremos dizer que não pode haver justiça social se não houver uma melhor distribuição da riqueza, melhores salários e reformas”, disse Dias Coelho. Para o dirigente comunista, ao longo de 2018, o seu partido teve “um papel decisivo na reposição e na conquista de diretos”.

“Queremos salientar que no processo de reposição e de reconquista de direitos, ao longo de 2018, se alargou a atribuição gratuita de manuais escolares, repôs-se novamente o pagamento integral do subsídio de Natal aos reformados, assim como direitos em áreas como a da saúde. Salientamos, ainda, que no ano que agora terminou demonstrou-se que o caminho verdadeiramente alternativo que está colocado ao povo português reside na política patriótica de esquerda capaz de libertar recursos e meios para que haja desenvolvimento e melhor distribuição da riqueza”, advogou o dirigente do PCP.

Já em relação à parte da mensagem do Presidente da República em que foi deixado um apelo à participação dos portugueses nas eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas, Dias Coelho referiu-se a essas “importantes batalhas eleitorais”, dizendo que “reside na vontade, na força, na luta e também no voto do povo a resposta aos problemas que lhe estão colocados”. “Uma resposta que o PCP encara com confiança, porque confia nos trabalhadores e no povo, na sua sabedoria e capacidade de transformar e modificar”, acrescentou.

PS quer “reforçar a democracia”

A “número dois” da direção dos socialistas mostrou-se de acordo com Marcelo Rebelo de Sousa. “O Presidente da República deixa um apelo muito forte para os tempos difíceis que vivemos na Europa e no mundo — tempos que, para o PS, exigem bom senso na governação. Faz também um apelo à participação dos eleitores para o reforço da democracia nos próximos atos eleitorais que se avizinham, sem fraturas e com compromissos”, apontou a secretária-geral adjunta do PS.

Ana Catarina Mendes destacou também a ideia do chefe de Estado no sentido de que “não existam reivindicações excessivas que levem a populismos ou radicalismos”. “Todos os dias é preciso reforçar a nossa democracia e seguir um caminho mobilizador para um futuro melhor. Essa ambição o PS partilha: Governar para melhorar a vida das pessoas, combatendo as desigualdades, fazendo crescer a economia e o emprego, e reforçando todos os dias a credibilidade das nossas instituições democráticas”, salientou.

Ainda de acordo com a secretária-geral adjunta socialista, “o Presidente da República fez um apelo fortíssimo que o PS também tem vindo a fazer ao longo dos tempos”. “A exigência de reforçar a democracia significa dar credibilidade a quem todos os dias tem de executar as políticas, dar respostas concretas às pessoas e não nos deixarmos cair em extremismos e radicalismos que atingem outros países europeus. Só com uma democracia robusta podemos combater os fenómenos populistas”, acrescentou.

CDS destaca a necessidade de “escolhas exigentes”

“O Presidente da República apela, com razão, a ‘escolhas exigentes’ nestes ciclos eleitorais, e o CDS tem provas dadas pela positiva”, comentou Nuno Melo, em reação ao apelo feito pelo Presidente da República. O já anunciado cabeça de lista do CDS-PP às europeias sustentou, nas declarações à Lusa, que a escolha do seu partido será “segura, de um partido institucional, democrata cristão, conservador e ambicioso”.

O dirigente centrista justificou que as escolhas que os portugueses vão fazer “implicam também que se avalie o que temos”, no seu entender, “avaliar um governo que é muito mau, na medida em que, perante condições tão favoráveis, dificilmente se conseguiria pior”.

“Todos os setores do Estado gerem atualmente o caos”, disse, indicando os casos da “saúde, com listas de espera, demissões em bloco, transportes, segurança, estradas publicas a ruir, e greves em todos os setores”. Para Nuno Melo, o atual Governo de António Costa, “deve ser fortemente sancionado em cada uma das eleições”.

PSD frisa apelo ao bom senso

“O Presidente da República pede que nunca deixemos de debater, mas sem criar feridas desnecessárias. Numa palavra, que tenhamos bom senso. O PSD tem sabido ser uma oposição séria e responsável“, sublinhou, por sua vez, André Coelho, vogal da Comissão de Política Nacional do PSD.

Segundo o social-democrata, a mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa fica em linha com a posição que tem sido tomada pelo partido de Rui Rio não só em termos políticos, mas também no que diz respeito à estratégia económica.

“Se há tecla em que temos batido, é na necessidade de termos políticas para preparar o futuro”, salientou André Coelho, referindo-se ao apelo deixado pelo Presidente da República no sentido de preparar a economia lusa para as crises futuras.

Governo reconhece-se na mensagem do PR

O ministro Pedro Marques disse, esta quarta-feira, que o Governo se reconhece na mensagem de Ano Novo do Presidente da República, numa altura em que, “em demasiados países”, as democracias têm feito um “caminho para o populismo”. “Temos assistido, efetivamente, a esse caminho para o populismo e, às vezes, para situações ou de xenofobia ou de impulsos de extrema direita e de radicalismos perigosos nalgumas das nossas democracias, até na própria Europa”, afirmou aos jornalistas em Vouzela, onde acompanhou a entrega de chaves de habitações reconstruídas após os incêndios de outubro de 2017.

Na opinião de Pedro Marques, “o discurso de Ano Novo do Presidente da República foi muito bem recebido em toda a classe política”, mas, sobretudo, pelos portugueses em geral.

Além disso, o ministro sublinhou que o Governo a que pertence tem trabalhado para que estes quatro anos sejam “de recuperação económica e de recuperação de emprego no país” e também “de redução de desigualdades, porque os portugueses têm que compreender que os políticos estão a governar para melhorar as condições de vida dos que menos têm”, garantiu.

“É para isso que a política pública serve, se não funcionava apenas a economia de mercado”, frisou.

(Notícia atualizada às 15h10 com declarações do Governo)

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