Entre bouquets de flores, bolos com vários andares, véus para as noivas e laços para os noivos, a indústria de casamentos fatura anualmente cerca de 800 milhões de euros.
É um setor que movimenta largos milhões de euros anualmente. Entre bouquets de flores, bolos com vários andares, véus para as noivas e laços para os noivos, a indústria de casamentos fatura, todos os anos, cerca de 800 milhões de euros. O ECO foi visitar a Exponoivos, numa altura em que o país recebe cada vez mais noivos, tanto portugueses como estrangeiros, para trocar alianças.
Passados 25 anos da primeira edição do evento de referência no setor do casamento em Portugal, a Exponoivos já não casa os noivos da mesma maneira. Contudo, os preparativos continuam a deixar toda a gente num turbilhão de emoções. O ambiente sentido no primeiro dia — de um total de três — do evento deve ser qualquer coisa parecida como os acertos de última hora para o dia de dar o nó.
“Atualmente, um casamento médio em Portugal custa aproximadamente 25 mil euros”, diz António Manuel Brito, diretor da Exponoivos, ao ECO. E não precisa de ser uma cerimónia muito grande para alcançar este valor. Aliás, os casamentos não são tão grandes como eram há uns anos, rondando agora os 100 convidados. Mas, atenção, menos convidados, menos noivos por cima dos bolos ou menos comprimento nos véus não significam necessariamente um preço final mais económico.
“Say yes to the dress“. Ou, antes, “abrir os cordões à bolsa”
Realizam-se cerca de 34 mil casamentos por ano em Portugal, a um preço médio de 25 mil euros, enquanto no início do século o número de casamentos por ano rondava os 80 mil. Um número consideravelmente superior, mas que não representa uma quebra no volume de negócio. Isto porque há 20 anos o preço de um casamento em Portugal rondava os 15 mil euros, menos 10 mil euros do que atualmente.
Ainda que os anos da grande crise financeira tenham feito, também, mossa neste setor, “o volume de negócio que a indústria de casamento fatura ao longo do ano não foi muito alterado nos últimos anos”, afirma António Manuel Brito. “O setor soube como reinventar-se. A maior parte das empresas conseguiu criar condições para todas as bolsas e todos os gostos e, por isso, não podemos dizer que a indústria tenha sido 100% afetada pela crise“.
Há uns anos sentiu-se muito o boom do low cost, em que as noivas procuravam vestidos na ordem dos 500 euros. Agora não. Aliás, os vestidos que vendem melhor são os que rondam os três mil euros.
Com os fatos de noivo e os vestidos de noiva devidamente colocados nos manequins, prontos para encher as medidas dos casais que por ali passam, Miguel Reis, sócio-gerente da loja Ti Amo, uma das 180 empresas que participam no evento, conta ao ECO que “há uns anos se sentiu muito o boom do low cost, em que as noivas procuravam vestidos na ordem dos 500 euros”. “Agora não. Aliás, os vestidos que vendem melhor são os que rondam os três mil euros”, continua.
Também nas alianças os casais abrem os cordões à bolsa. “Em média, um par de alianças custa 400 euros, mas os nossos clientes gastam sempre mais dinheiro”, refere Ilênia Vieira, fundadora da fábrica portuguesa de joalharia Switzer. Já alugar um carro descapotável antigo branco, o modelo mais procurado pelos noivos portugueses, passa uma fatura de cerca de 300 euros.
Na opinião de Dora Esteves, decoradora da Quinta das Riscas, os noivos portugueses estão mais atentos aos detalhes do que nunca. “Querem ter pormenores que complementem a decoração e, por isso mesmo, acabam por gastar um pouco mais dinheiro no final”.
António Manuel Brito fundamenta a mesma opinião pelo facto de que os noivos terem, agora, uma capacidade financeira superior à que tinham os casais de há 20 anos e, por isso, poderem gastar mais dinheiro na cerimónia. “Isto tem, sobretudo, a ver com a questão da idade. Houve uma mudança cultural, em que muitos casais optam, primeiramente, pela vida profissional. O casamento, que antes era uma prioridade, foi deixado para segundo plano”, explica.
“Os noivos que vêm ter connosco estão na faixa dos 30 anos”, diz Miguel Reis. Já pela experiência da Switzer, além de mais velhos, “muitas vezes são casais que já têm filhos, aproveitando a ocasião para fazer também o batizado”.
Dizer o “sim” em terras lusitanas
Primeiro vem o pedido de casamento e depois a pergunta é “onde?”. E Portugal aparece cada vez mais nas respostas. “O país está mesmo na moda”, refere António Manuel Brito. Não somente para passar férias ou para viver e trabalhar, mas também para celebrar o matrimónio.
A contribuir para os cerca de 34 mil casamentos por ano no país não estão só os portugueses. Também os estrangeiros vêm cada vez mais a Portugal para dizer o tão esperado “sim”. De acordo com os dados do Ministério da Justiça, em 2016 registaram-se 901 casamentos de estrangeiros em Portugal, o que representa para o setor e para os restantes players envolvidos um volume de negócio estimado superior a 150 milhões de euros.
Entre a azafama das provas de vestidos de noiva, Melissa Burnaz, da loja de vestidos de noiva Casart, conta ao ECO que o wedding destination está, de facto, a ganhar cada vez mais peso. “Neste momento temos 100 casamentos de turistas e cerca de 500 de portugueses”, afirma. Na Quinta das Riscas, por sua vez, entre 5% a 10% dos casamentos são estrangeiros.
Estes noivos, que casam a quilómetros de distância de casa, “chegam sobretudo do norte da Europa e escolhem principalmente o Algarve”, afirma o diretor da Exponoivos. Os nórdicos encontram em Portugal a temperatura, as praias e a gastronomia ideais para o casamento dos seus sonhos e, os brasileiros, por sua vez, um país moderno, cosmopolita e seguro. “O mercado brasileiro é, aliás, um mercado que está em crescimento. Estamos a falar de uma classe média alta que vem cá para casar”, continua.
A acrescentar à lista de vantagens está, ainda, o preço final da cerimónia. “Para os noivos dos países nórdicos é, inclusive, mais económico trazer um avião com os convidados do que casar nos seus próprios países”, refere António Manuel Brito.
A No Men Photography exibe num stand fotografias de casamentos e de sessões trash the dress (embora os vestidos não sejam estragados) para todos os gostos e diz que 2019 vai ser um ano marcado por mais casamentos de turistas. “Vamos ter alguns noivos estrangeiros este ano. Há três anos tivemos um casamento de dois noivos ingleses que vieram de férias para Portugal. Passado um ano voltaram para casar e trouxeram com eles 80 convidados”, conta Sandra Couto, responsável comercial da empresa.
Por outro lado, também a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo tem vindo a contribuir para incrementar o negócio. “O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo tem até crescido mais do que o número de casamentos entre pessoas heterossexuais”, refere.
Aceita as tendências para 2019, na saúde e na doença?
Qual é o melhor dia para casar? A resposta continua a ser nos meses de verão e primavera e, sobretudo, aos fins de semana, ainda que os dias úteis de semana estejam a ter mais procura nos últimos anos. Mas o dia depende sempre da disponibilidade do local escolhido, claro.
- Estilo rústico
Nesta matéria, Cláudia Franco, do projeto Verde aos Molhos e dos Espaços da Tapada, diz que os espaços fechados continuam a ser os mais procurados. Para decorá-los, os ambientes com estilo rústico têm sido a grande tendência dos últimos três anos. E para os bouquets, que há para todos os gostos, a aposta para 2019 são os laranja escuros e os vermelhos com os verdes.
- Bolos com andares
Passando para a ementa, as opções vegetarianas estão a ser cada vez mais tidas em conta na hora de escolher o que comer. No espaço da Quinta das Riscas, a aprova do bolo está aberta. Mais andares e os tons pastel, sobretudo cor-de-rosa e dourado, são as tendências.
- Drones e animações 3D
Já as alianças querem-se tradicionais e as fotografias naturais. Cada vez mais em formato digital, havendo quem opte por criar até um site do seu próprio casamento. Além disso, o recurso a tecnologias — como é o caso dos drones ou animações 3D — é cada vez mais apreciado, uma forma de acrescentar valor àquela que é, talvez, a maior recordação deste dia.
- Rendas para as noivas, brocados para os noivos
Finalmente, o tão esperado vestido de noiva. As rendas, transparências, alças, decotes e nudes estão presentes em quase todas as lojas que participam na Exponoivos. Para os noivos, o destaque vai para o azul, que é a cor mais procurada. Contudo, 2019 traz os brocados para a montra, tal como outras cores menos tradicionais, como o bege e o vermelho. “Os noivos estão mais vaidosos, já tentam estar à altura das noivas”, salienta Miguel Reis.
- Damas de honor, muitas damas de honor
Não esquecemos, porém, as damas de honor, que muitas vezes acompanham as noivas no momento da decisão de tudo isto, desde a decoração das mesas ao tipo de fotografia. E não é que estas amigas são, também elas, uma tendência? “As damas de honor estão na moda e em maior número, de seis a oito normalmente”, conta Melissa Burnaz.
Todas as tendências são, contudo, procuradas previamente pelos noivos, com a devida antecedência. Atualmente, os casais chegam ao pé de cada uma destas empresas do ramo com uma ideia mais ou menos definida do que seria o casamento dos seus sonhos. Para ajudar nesta procura, o Pinterest assume uma especial importância, sendo a rede social mais utilizada pelos casais na hora de procurar ideias. Na indústria dos casamentos, já é apelidada de “rede social dos noivos”.
Percorra a galeria de fotografias para ficar a par das tendências que vão marcar as bodas de 2019:
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Todos os anos, troca alianças e muitos milhões de euros. Indústria de casamentos vale 800 milhões por ano
{{ noCommentsLabel }}