As cinco mensagens de Rio (antes de ser desafiado por Montenegro)
Líder do PSD, que hoje celebra um ano como líder do partido, diz, em entrevista, que "o PS está em condições de perder". "Vamos nós pôr-nos em condições de ganhar", frisa. Rio defende menos impostos.
No dia em completa um ano de ter sido eleito para presidente do PSD, Rui Rio numa extensa entrevista ao Jornal de Notícias (acesso pago) dá conta do seu pensamento político. Na conversa, realizada antes de ter sido desafiado por Luís Montenegro para convocar de imediato eleições no PSD, Rio fala das eleições, de impostos, do salário mínimo e do… PSD.
Vejamos ponto por ponto o pensamento de Rio.
Investimento
Mais acutilante do que tem sido hábito, Rio critica o Governo no que se refere ao investimento privado a quem acusa de não ter feito nada nesta matéria. “Que fez o Governo pelo investimento privado? Em três anos, ou melhor quatro, porque já temos o Orçamento do Estado para 2019, que fez o Governo pelo investimento privado? Nada. Que fez o Governo pelas empresas? Nada. Não havendo investimento privado, não melhoramos a competitividade. Como é que vamos ter melhores salários? Não vamos”, responde o líder do PSD.
Em quatro anos, que fez o Governo pelo investimento privado? Nada. Que fez o Governo pelas empresas? Nada.
Rio esclarece ainda que quando diz que quer “um país virado para as empresas e para o investimento”, está a dizer que quer “um país virado para as pessoas”. Porém, Rio realça que isto implica que se explique às pessoas que “não vão ter muitos ganhos a 90 ou a 120 dias, como é lógico. É assim a vida”.
O responsável defende “um país melhor, um país mais rico” no qual as pessoas não têm de emigrar, “porque continuam a emigrar perto de 100 mil pessoas por ano”. “É pouco menos do que foi no tempo pesado da troika“, sublinha.
Impostos
O líder do PSD defende menos impostos e uma aposta nas empresas. Só assim “estamos a apostar no futuro”, conclui.
“Era bom que o título desta entrevista fosse «Rio vai baixar os impostos», mas eu não digo assim. O que digo é que entendo que a carga fiscal deve baixar, dentro de uma estratégia coerente. Dentro do possível que se consiga baixar“.
Rio diz que é preciso “fazer uma gestão da carga fiscal. Temos de apostar no futuro e nas empresas. Se se aliviar fortemente o IRC relativamente aos lucros retidos e não distribuídos, estou a ter uma medida muito importante para o investimento”.
Não preciso aumentar o IRS ou o IVA para baixar o IRC, porque o próprio crescimento económico dá folga suficiente.
Rio recorda que “não há nenhuma medida que, por si só, faça disparar o investimento”, mas “há um conjunto de medidas que o podem ajudar a fazer”. “Não preciso aumentar o IRS ou o IVA para baixar o IRC, porque o próprio crescimento económico dá folga suficiente“, acrescenta.
O líder dos social-democratas diz que se o país tiver “mais crescimento económico, pelas exportações e não pelo consumo, na volta seguinte as pessoas começam a usufruir desses benefícios”. A economia, remata, deve crescer “porque produzimos mais e temos mais riqueza. Este Governo fez o contrário”.
Salário Mínimo
Sobre o salário mínimo, e depois de o Governo ter decidido concentrar os aumentos salariais da Função Pública, em 2019, nas posições remuneratórias mais baixas, o que na prática se traduz numa espécie de aumento do salário mínimo para o Estado para os 635 euros, enquanto no privado esse aumento é para os 600 euros, Rio adianta: “Não sou comunista e não defendo salário igual, porque há méritos, preparação técnica, muita coisa que faz variar o salário, mas nós não estamos a falar disso”.
O salário mínimo nacional é injusto. Qualquer pessoa, em qualquer função, que a cumpra de forma satisfatória, merece mais do que o salário mínimo nacional.
Rio frisa que o está em causa é que o “salário mínimo nacional é injusto“. “Qualquer pessoa, em qualquer função, que a cumpra de forma satisfatória, merece mais do que o salário mínimo nacional. Só não pagamos mais porque a economia não o permite e a distribuição de riqueza que está feita não é justa”, justifica.
Eleições legislativas
Questionado sobre se acredita que o PSD pode ganhar as eleições legislativas de outubro, Rui Rio é categórico: “Sim, Sim”.
“Neste momento, olhando à governação e ao descontentamento que existe face ao Governo, o PSD tem a obrigação de criar uma alternativa ao PS. Não depende só de mim, depende em primeiro lugar de mim, e temos obrigação de o conseguir”.
E deixa uma confidência: “Há cinco meses, não achava que o descontentamento com o Governo iria ser tão grande como é“.
Quando temos este descontentamento em todo no país, o PSD pode ganhar as eleições.
“Quando temos este descontentamento em todo no país, o PSD pode ganhar as eleições”, sublinha.
E deixa um alerta:”Neste momento, o PS está em condições de perder, vamos nós pôr-nos em condições de ganhar”.
Contestação no PSD
Quando a entrevista de Rio foi realizada ainda Montenegro não tinha avançado para a corrida à liderança do partido, mas Rio já falava da contestação interna.
Apesar da “guerrilha interna”, expressão que usou quando anunciou no sábado que convocou o conselho nacional para votar uma moção de confiança, Rio admite que não está arrependido de se ter candidato a presidente do PSD: “Arrependido, não estou. Agora se me pergunta: contava com dificuldades? Sim, muitas. Contava com tanta resistência interna? Não. Contava com alguma, mas não contava com tanta”.
Arrependido, não estou. Agora se me pergunta: contava com dificuldades? Sim, muitas. Contava com tanta resistência interna? Não. Contava com alguma, mas não contava com tanta.
Mas deixa um recado: “Se me candidato a líder do partido, depois a primeiro-ministro, para mudar um sistema contra o qual de certa forma estou, não vou recuar perante as críticas do próprio sistema que quero mudar. É lógico que o sistema resista quando se pretende mudar, como é evidente”.
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