Caixa perdeu 1.200 milhões em créditos de risco. Veja a lista dos grandes devedores
A auditoria realizada à gestão da CGD revela que, entre 2000 e 2015, várias administrações aprovaram uma série de operações de risco elevado, que vieram a gerar perdas de quase 1.200 milhões de euros.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reconheceu perdas de quase 1.200 milhões de euros num conjunto de 46 financiamentos, concedidos entre 2000 e 2015, nos quais não foram cumpridas as normas de concessão de crédito. Ao longo destes anos, as sucessivas administrações do banco público ignoraram os pareceres dos órgãos competentes ou aprovaram operações que não apresentavam garantias suficientes, concretizando negócios que vieram a revelar-se de risco “considerado elevado ou grave”.
Os dados constam de um relatório preliminar, divulgado por Joana Amaral Dias na CMTV e a que o ECO teve acesso, realizado pela consultora EY, que, a pedido do Ministério das Finanças, fez uma auditoria à gestão da Caixa no período de 2000 a 2015.
Na auditoria, a consultora identifica vários tipos de operações que caracteriza como “exceções face ao normativo e ao enquadramento regulamentar aplicável”. Leia-se, não cumpriram as regras. Há quatro tipos de operações que se destacam:
- Operações aprovadas com parecer de análise de risco desfavorável ou condicionado, não se encontrando documentadas as justificações para a tomada de risco contrária ao parecer da Direção Global de Risco;
- Casos onde não foi apresentado parecer técnico da Direção Global de Risco referente à operação, nem justificação para tal situação;
- Casos onde não existe evidência que tenha sido obtida toda a informação exigível para fundamentar a aprovação da operação (estudo de viabilidade, licenças associadas ao projeto);
- Casos em que as garantias assinadas em contrato não são suficientes para cobrir o rácio de cobertura de 120% conforme exposto no normativo.
Entre os 200 devedores que foram identificados pela EY como tendo gerado as maiores perdas para o banco público, há 64 casos em que ocorreu pelo menos uma das situações descritas em cima. A 31 de dezembro de 2015, a CGD ainda tinha exposição a 46 desses clientes, num montante total de 2,96 mil milhões de euros em dívida.
Quase metade desse montante tinha sido dado como perdido no final de 2015: as perdas por imparidades com estes créditos totalizavam, por essa altura, 1.198.082.600 euros.
O montante perdido com cada cliente é muito variável. A Artlant representa a maior perda, num total que ultrapassa os 211 milhões de euros. Segue-se a Investifino (detida pelo empresário Manuel Fino), com perdas superiores a 138 milhões, a Fundação Berardo, com mais de 124 milhões, e a AE Douro Litoral, com 122,6 milhões.
Veja a lista dos grandes devedores da CGD
Cada um destes créditos foi concedido entre 2000 e 2015, mas a EY não revela a data exata da concessão, nem o montante inicial de cada crédito.
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