Banca teve lucro com os meios de pagamentos pela primeira vez graças às comissões
Os custos para disponibilizar meios de pagamento de retalho ascenderam a 793,3 milhões de euros, com o 'cash' a pesar especialmente na banca. No entanto, o balanço é positivo graças às comissões.
A disponibilização de instrumentos de pagamento de retalho custou à banca 793,3 milhões de euros, em 2017. O montante equivale a 0,44% do PIB, sendo que o sistema bancário é o agente económico a quem mais pesam estes meios, segundo revela um estudo do Banco de Portugal (BdP). No entanto, pela primeira vez desde que há registo pelo regulador, a banca registou proveitos acima dos custos.
“Cada cliente bancário custou aos bancos 98 euros, menos 11 euros do que em 2013. Ao longo dos anos em análise, o sistema bancário tem vindo a melhorar a sua eficiência em termos de custo com os instrumentos de pagamento de retalho. Entre 2013 e 2017, os custos decresceram 10% e o número de pagamentos de retalho processados pelo sistema bancário passou de 4,5 para 5 mil milhões”, explica o estudo sobre custos sociais dos instrumentos de pagamento de retalho em Portugal, divulgado pelo BdP.
O numerário foi o instrumento com maiores custos para os bancos (255,2 milhões de euros, o que representa 32% do custo total). Os pagamentos em cash e em cheques representaram 45% do custo total suportado pelo sistema bancário na disponibilização de instrumentos de pagamento, no total de 360,5 milhões de euros. Apesar da diminuição de 41% na utilização do cheque entre 2013 e 2017, os custos dos bancos com este instrumento de pagamento decresceram apenas 4%, para 105,3 milhões de euros.
Os cartões de pagamento representaram 43% do total (334,7 milhões de euros), sendo os cartões de débito responsáveis por 24% (188,7 milhões de euros), os de crédito por 17% (133,4 milhões de euros) e os pré-pagos por 2% (12,6 milhões de euros).
Em sentido contrário, as transferências a crédito tiveram custos estimados de 55,8 milhões de euros, o que representa 7% do encargo total dos bancos. O meio de pagamento com menores custos agregados foram os débitos diretos, que implicaram um custo de 42,2 milhões de euros para o sistema bancário (5% do total).
Saldo positivo de 132 milhões de euros nos cofres
Apesar disso, o balanço é positivo. “Pela primeira vez desde a realização deste estudo [que remonta a 2010 com dados relativos a 2008], que a subsidiação cruzada entre instrumentos de pagamento foi suficiente para gerar uma situação global positiva, de 132,1 milhões de euros, que corresponde a uma taxa de cobertura de 116,7%”, afirma o BdP.
Uma das razões para o resultado prende-se com uma mudança metodológica na realização do próprio estudo, que passou a incluir comissões cobradas através dos pacotes de gestão e manutenção de contas. No entanto, o regulador sublinha que o sistema bancário tem vindo a melhorar a eficiência com a disponibilização dos instrumentos de pagamento de retalho.
A banca conseguiu 925,4 milhões de euros (0,5% do PIB) em proveitos resultantes dos meios de pagamentos. As comissões cobradas através dos pacotes de gestão e manutenção de contas representaram 265,5 milhões de euros. Cerca de metade do total teve origem na utilização dos cartões de pagamento (474,1 milhões de euros) e refere-se à cobrança de comissões e à aplicação do preçário aos comerciantes.
“O cartão de crédito foi o instrumento que gerou maior proveito unitário líquido para os bancos em 2017, no valor de 1,18 euros por pagamento. Conjuntamente com as transferências, os cartões pré-pagos e os cartões de débito foram os únicos instrumentos a resultar em proveitos líquidos para o sistema bancário: 23,9 cêntimos por pagamento com cartão de débito, 3,4 cêntimos por transferência e 2 cêntimos com pagamento com cartão pré-pago”, refere.
Pelo contrário, os bancos tiveram um custo líquido de 5,5 cêntimos por pagamento com numerário, 6,2 cêntimos por débito direto e 51,3 cêntimos por cheque. Em termos de taxa de cobertura, implicou custos superiores aos proveitos obtidos de 29%, 62% e 83%, respetivamente.
Custos sociais dos meios de pagamento por agente económico
Fonte: Banco de Portugal
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