Siza Vieira desvaloriza travagem no PIB. Culpa greve dos estivadores por falha na meta do Governo
O ministro Adjunto e da Economia reagiu aos números do INE que dão conta de uma travagem no PIB em 2018. O governante salientou a convergência com a Europa e desvalorizou falha na meta do Executivo.
Pedro Siza Vieira salienta que a economia portuguesa está a crescer acima da média da União Europeia (UE) e atribui à greve dos estivadores no porto de Setúbal, que parou as exportações de carros da Autoeuropa, parte da culpa pelo facto de o PIB ter subido menos do que o Governo previa. Na altura em que a economia confirma o impacto da “nova fase do ciclo económico”, admitida pelo próprio ministro há um mês, o governante prefere falar sobre aspetos positivos que encontra nos dados do INE.
“É possível que uma parte da explicação esteja nas exportações devido à greve dos estivadores no porto de Setúbal”, diz o ministro Adjunto e da Economia, na Presidência do Conselho de Ministros, onde decorre a reunião semanal dos ministros do Governo liderado por António Costa.
O governante reage assim aos números do INE e do Eurostat que dão conta de uma travagem do PIB em 2018. A economia cresceu 2,1% no ano passado, abaixo dos 2,8% do ano anterior e da meta do Governo (2,3%). Apesar disso, a economia portuguesa avançou mais do que a Zona Euro, cujo PIB subiu 1,8%.
“O processo de convergência dura há mais de nove trimestres”, diz Siza Vieira que prefere destacar os pontos positivos dos números hoje revelados pelo INE. Este é o processo de convergência “mais longo desde o início do século”, acrescenta.
Em comunicado, o Ministério das Finanças puxa por outros números. “A economia portuguesa cresce há 21 trimestres consecutivos. Portugal cresceu 0,3 pontos percentuais acima da Zona Euro, convergindo com a Zona Euro em dois anos consecutivos, o que acontece pela primeira vez nos últimos 20 anos”.
O ministro Adjunto e da Economia destacou depois dois aspetos em particular: o “crescimento forte das exportações e muito forte do crescimento do investimento privado”. As exportações de bens estão a crescer “há três acima da média do crescimento da economia”.
É possível que uma parte da explicação esteja nas exportações devido à greve dos estivadores no porto de Setúbal.
O INE revelou esta quinta-feira que a travagem do PIB verificada entre 2017 e 2018 “resultou do contributo mais negativo da procura externa líquida, verificando-se uma desaceleração das exportações de bens e serviços mais acentuada que a das importações, e do contributo positivo menos intenso da procura interna, refletindo o crescimento menos acentuado do investimento”. Ou seja, nem das exportações nem do investimento total (público e privado) chegaram boas notícias para a economia.
O ministro adiantou que para os próximos tempos as instituições “continuam a projetar um crescimento acima da Zona Euro”.
Já o ministério de Mário Centeno admite que “o contexto de maior incerteza geopolítica tem um impacto no menor crescimento das maiores economias da Europa, o que tem penalizado a procura externa e, por essa via, as exportações, que, mesmo assim, cresceram 5,3%, em termos nominais”.
Quanto ao facto de o Governo ter falhado a meta que tinha para o crescimento do PIB em 2018 — de 2,3% e não de 2,2% como disse o ministro da conferência de imprensa –, Siza Vieira desvaloriza esta diferença, lembra que os números do INE “não são definitivos” e avança com a explicação do impacto da greve dos estivadores – que atrasou saídas de carros do segundo maior exportador do país.
Quanto ao impacto que este desempenho pode ter na economia este ano, o ministro voltou a remeter para abril, quando o Governo tem de entregar na Comissão Europeia a atualização do Programa de Estabilidade. “Esse será o momento certo para fazer alterações de estimativas.”
Do Terreiro do Paço chegam, porém, garantias de que o caminho feito até agora ajuda a preparar o futuro. “Não obstante as dificuldades colocadas pela deterioração do ambiente económico externo, a economia Portuguesa construiu entretanto bases sólidas para continuar a crescer e a convergir com a Europa no futuro“.
O gabinete de Mário Centeno detalha que “o crescimento expressivo do investimento ao longo dos últimos anos, a estabilização do setor financeiro, o reequilíbrio das contas externas e os progressos alcançados na consolidação estrutural das contas públicas constituem pilares sólidos para o crescimento económico nos próximos anos”.
(Notícia atualizada às 12:07 com informação do comunicado do Ministério das Finanças)
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