Football Leaks. António Cluny desmente “conflito de interesses” por causa do filho, advogado da Morais Leitão
O procurador da Eurojust não declarou que o filho, João Lima Cluny, era advogado da Morais Leitão, que tem em mãos processos ligados a visados da fuga de informação. Jornais falam em imparcialidade.
António Cluny, representante de Portugal na Eurojust, rejeitou a hipótese de um conflito de interesses entre a função que desempenha e as investigações do organismo europeu de cooperação judiciária aos casos denunciados pelo ‘Football Leaks’, segundo declarações suas à Lusa esta terça-feira.
Em causa está o facto de não ter declarado que o filho, João Lima Cluny, é advogado associado da Morais Leitão, escritório que tem em mãos processos ligados a visados pela fuga de documentos e que representa Cristiano Ronaldo, José Mourinho e outros agentes do mundo do futebol. A questão foi levantada pelo alemão Der Spiegel e pelo jornal francês Mediapart.
“Não tive nenhuma intervenção processual nesses processos, apenas de relações públicas, explicando numa conferência de imprensa [em Haia, a 19 de fevereiro] a posição portuguesa relativamente à cooperação judiciária nos casos que deram origem à reunião de coordenação na Eurojust”, explicou António Cluny.
Segundo o procurador-geral-adjunto português, o sistema de distribuição automática de processos na instância europeia é prova de que não interveio em nenhum, assumindo apenas um papel de “porta-voz do gabinete português na Eurojust, de natureza não processual”.
Segundo o Mediapart, esta situação põe mesmo “em causa a imparcialidade de Portugal em relação ao denunciante” — o ‘hacker’ português, Rui Pinto, identificado como um dos responsáveis pelo ‘Football Leaks’.
António Cluny desmentiu qualquer envolvimento do filho, justificando que este “não tem nenhuma procuração em nenhum dos processos” em investigação, bem como do escritório da Morais Leitão. “O Der Spiegel faz uma interpretação de factos”, disse. “Não afirmam, sequer, que eu ou o meu filho tivemos intervenção no processo, mas dá jeito vir criar uma nuvem de suspeição”.
O procurador disse ainda que os processos “foram despachados por outro colega”, assim como o mandado de detenção europeu de Rui Pinto, detido desde janeiro e atualmente em prisão domiciliária na Hungria.
Entretanto, João Lima Cluny também já fez saber que não existe “qualquer situação de conflito de interesses” no âmbito das investigações aos casos do ‘Football Leaks’, pelo facto de ser filho do representante português no Eurojust, disse, em comunicado enviado à Lusa, esta quarta-feira.
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