Portugueses já compraram mais de mil carros elétricos este ano. Vendas disparam 150%

Os carros elétricos estão a atrair cada vez mais portugueses. As vendas continuam a disparar, de tal forma que, em menos de dois meses, foram matriculados mais de mil modelos 100% elétricos.

Os automóveis com motores a combustão continuam a dominar as vendas, mas a comercialização de veículos elétricos está a crescer de forma vertiginosa. Com o ano ainda a arrancar, foram já matriculados mais de mil carros totalmente movidos a eletricidade, reflexo do crescente apetite dos consumidores por esta nova forma de mobilidade. Isto apesar dos preços médios mais elevados face às energias “concorrentes”.

Foram emitidas 1.014 matrículas para veículos ligeiros de passageiros 100% elétricos até 26 de fevereiro, de acordo com os dados da Motor Data, plataforma da Associação Comércio Automóvel de Portugal (ACAP). Se em janeiro os registos recolhidos pelo ECO apontavam para um total de 653 veículos, no mês que agora terminou foram mais 361. E o número deverá ter aumentado nos dois dias úteis que restaram para fechar as contas.

Este número, ainda que represente apenas pouco mais de 1% do total de veículos matriculados neste período, ganha maior expressão na comparação com o que aconteceu nos mesmos dois meses do ano passado. De acordo com dados da ACAP, em janeiro e fevereiro de 2018 foram comercializados 401 carros elétricos. Se essas quatro centenas quase duplicavam os números de 2016, o milhar registado este ano representa um crescimento de 153%.

Acelerar, mesmo sem cheque

Este crescimento expressivo nas vendas segue a tendência recente. No total do ano passado foram vendidos 4.047 veículos totalmente elétricos, um aumento de 148,4% face ao registado no ano anterior — num ano em que mercado cresceu pouco mais de 2%. Acabaram por ser matriculados mesmo mais veículos em 2018 do que no total de todos os anos desde que começaram a ser introduzidos no mercado estes modelos.

A ajudar ao aumento tem estado o surgimento de cada vez mais ofertas elétricas por parte das mais variadas fabricantes de automóveis, seja de modelos topo de gama, seja de familiares ou utilitários. E, neste sentido, também o valor de venda tem-se reduzido. Ainda assim, a opção por um 100% elétrico continua a ser substancialmente mais cara do que modelos idênticos, mas com motores a gasolina ou a gasóleo.

Além disso, a acelerar a entrada dos elétricos está o Estado. Não só porque existe um plano de eletrificação da frota automóvel das entidades oficiais como há um programa de apoio à aquisição destes veículos. E até foi reforçado. Se no ano passado havia um “cheque” de 2.250 euros para a compra destes carros, este ano o valor subiu para 3.000 euros — embora tenha passado a haver um limite de 62.500 euros para o valor do carro apoiado, o que deixa os Tesla fora das opções, por exemplo. Este “cheque” não está, no entanto, ainda disponível. O Fundo Ambiental aguarda a publicação da regulamentação do incentivo em Diário da República.

Gasolina bate diesel (outra vez)

Ao mesmo tempo que se assiste ao crescimento das vendas dos 100% elétricos, também os híbridos crescem de forma expressiva — foram comercializados 705, tanto a gasolina como a diesel, segundo dados da Motor Data –, embora os automóveis de combustão interna clássicos continuem a dominar o mercado. Mas no último mês, e tal como aconteceu em janeiro, a gasolina voltou a convencer mais consumidores.

Segundo a Motor Data foram matriculados 5.926 veículos a gasolina até 26 de fevereiro, o que compara com os 4.829 automóveis a gasóleo. Repetiu-se, assim, o que aconteceu no primeiro mês do ano que, tal como foi noticiado em primeira mão pelo ECO, marcou uma inversão da tendência. A última vez que se tinha registado uma “vitória” da gasolina tinha sido em março de 2014, ou seja, há 15 anos.

Portugal está, assim, a embarcar na mudança de paradigma a que se assiste no resto dos países europeus, em que os consumidores estão a afastar-se do diesel. Foi desde o escândalo de manipulação de emissões de gases poluentes por parte da Volkswagen, em setembro de 2015, que os motores a gasóleo começaram a ser colocados de parte em detrimento de veículos a gasolina, híbridos e elétricos.

Foi exatamente com o exemplo europeu em mente que Matos Fernandes veio alertar os consumidores nacionais para o risco que correm ao continuarem a comprar automóveis a diesel. “Quem comprar carro a diesel, daqui a quatro ou cinco anos vai ter, provavelmente, menos valor na troca”, afirmou o ministro do Ambiente e da Transição Energética numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios.

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