“Costumo perguntar se não há imparidades a mais no Novo Banco”, diz presidente da comissão de acompanhamento da venda
José Rodrigues de Jesus explicou a saída de Miguel Athayde Marques da comissão de acompanhamento do contrato de venda do Novo Banco ao fundo Lone Star.
José Rodrigues de Jesus, presidente da comissão de acompanhamento do contrato de venda do Novo Banco ao fundo Lone Star, adiantou aos deputados que costuma perguntar aos auditores do banco se não têm registado imparidades a mais nos ativos que estão dentro do mecanismo de capital contingente, motivo pelo qual o Fundo de Resolução vai ter de injetar 1.149 milhões de euros este ano.
“Costumo perguntar se não há imparidades a mais no Novo Banco. Perguntei à EY [atual auditora do banco] se não há imparidades a mais”, disse José Rodrigues de Jesus, que está a ser ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA).
“No ano passado questionámos a PwC sobre o modo como se fez o conjunto de imparidades que foram registadas em 2017, se houve descontinuidade no cálculo dessas imparidades. Mas os critérios das provisões são os critérios dos auditores, do banco, e é usual perguntar se nas contas estão todas as imparidades. Não tenho mais nada para lhe dizer a não ser esta objetividade”, explicou o responsável, fazendo notar aos deputados que não houve alteração na política de imparidades após a venda de 75% do capital do Novo Banco aos americanos.
O Novo Banco registou prejuízos de 1.412 milhões de euros em 2018 e vai pedir uma compensação financeira de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma chamada que está prevista no âmbito do mecanismo de capitalização contingente (CCA) — trata-se de espécie de garantia que foi criada aquando da venda do banco em outubro de 2017 que é acionada sempre o que banco regista perdas com um conjunto de ativos e isso provoca uma erosão dos rácios de capital.
José Rodrigues de Jesus, que tinha ao seu lado o outro membro da comissão de acompanhamento, José Bracinha Vieira, disse que grande parte dos prejuízos tiveram a ver com imparidades que o Novo Banco teve de registar no ano passado com estes ativos do CCA, não se tratando de tanto com perdas através da alienações de ativos.
“Tirando uma grande transação, seguros e estas vendas em massa, não há vendas. O que há é uma gestão diária”, referiu, dando exemplos desse trabalho diário: “Há uma empresa que está no CCA e pede uma garantia, o Fundo de Resolução tem de autorizar estas micro-transações. Mas o ativo não sai de lá. É assim aqui como nos outros bancos”. Explicou de seguida que se tem “procurado de não deixar cair as empresas”.
O presidente da comissão de acompanhamento adiantou ainda que vai ser preciso “coragem para resolver alguns casos” mediáticos que estão dentro do banco e que “correspondem a 30, 40 ou, se quisermos 20 empresas, casos muito graves” que “um dia será necessário” resolver com “coragem”.
Em relação à saída de Miguel Athayde Marques da comissão de acompanhamento da venda, o responsável esclareceu que tal se deveu a incompatibilidades. “Ele saiu há dias porque a esposa foi nomeada administradora do Santander Totta. E andou vários dias a estudar se havia incompatibilidades, inicialmente achou-se que não havia, mas o Banco de Portugal e Fundo de Resolução acharam que sim, que havia incompatibilidades“.
(Notícia atualizada às 10h50)
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