BCE alerta para risco de crash nos mercados
Brexit e vitória de Trump nas eleições americanas aumentaram indefinição política em todo o mundo e podem deixar mercados do avesso. E Portugal deve ter cuidado, diz BCE, devido à sua elevada dívida.
O Banco Central Europeu (BCE) alertou para os riscos crescentes de uma correção abrupta nos mercados financeiros globais, à medida que a intensificação da incerteza política ameaça o sistema bancário e o crescimento económico global. E países com elevado endividamento público como Portugal devem estar atentos.
“É expectável maior volatilidade no futuro próximo e a possibilidade de uma inversão abrupta continua a ser significativa”, declarou o banco central no relatório Relatório de Estabilidade Financeira publicou esta quinta-feira. “Elevadas tensões geográficas e a evidente incerteza política perante calendários eleitorais preenchidos nas economias mais avançadas têm o potencial para reacender a aversão global ao risco e desencadear um grande choque na confiança”, afirmou.
Depois da votação britânica de junho para abandonar a União Europeia, seguiu-se a campanha para as eleições presidenciais nos EUA, que ocorreram no início de novembro. Para o BCE, a vitória de Trump aumentou a instabilidade e deverá trazer mudanças profundas nas políticas económicas, cujas implicações para a Zona Euro são ainda complicadas de avaliar.
"Elevadas tensões geográficas e a evidente incerteza política perante calendários eleitorais preenchidos nas economias mais avançadas têm o potencial para reacender a aversão global ao risco e desencadear um grande choque na confiança.”
A autoridade monetária e de supervisão diz mesmo que, apesar da resiliência da economia da moeda única, a intensificação da incerteza política poderá colocar pressão sobre o sistema bancário. “As vulnerabilidades continuam significativas para os bancos da Zona Euro. As perspetivas de rentabilidade continuam baixas em toda a região e num ambiente de crescimento económico deprimido”, reforçou o BCE.
Mas também criará tensão sobre os países com elevados níveis de endividamento público. Como Portugal, que regista uma dívida pública de 133% do Produto Interno Bruto (PIB) e cuja instabilidade no mercado de dívida se intensificou nas últimas semanas, sobretudo depois de Trump ter sido eleito para a Casa Branca. Os juros da dívida a dez anos chegaram a atingir os 3,9% quando em meados de agosto estavam nos 2,6%.
Ainda assim, destaca o papel dos bancos centrais, com as suas políticas monetárias acomodatícias, que mitigam alguns dos riscos nos mercados. “Apesar da relativa volatilidade global nos mercados financeiros, os indicadores de stress na banca e soberanos na Zona Euro continuam bastante estáveis em níveis reduzidos”.
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