Fundo Elliott continua a pressionar EDP para vender negócio no Brasil

  • ECO
  • 20 Março 2019

Fundo ativista considera que a elétrica ignora a oportunidade de vender a EDP Brasil, por 2,3 mil milhões de euros. Critica ainda que não haja urgência em fazer face à 'underperformance' da empresa.

O fundo Elliott continua a pressionar a EDP para vender os ativos no Brasil. O fundo ativista criado por Paulo Singer tinha já feito essa sugestão à gestão da elétrica, mas o plano estratégico apresentado na semana passada não prevê essa opção. Fontes próximas citadas pela Bloomberg (conteúdo em inglês) garantem que o Elliott não vai desistir por considerar que esta é a melhor forma de “desbloquear valor” para os acionistas.

O plano estratégico da EDP implica a venda de dois mil milhões de euros em ativos, até 2022, especialmente em Portugal e Espanha. O Elliott, que detém 2,9% do capital da empresa desde novembro e que se manifestou publicamente sobre o assunto em fevereiro, considera que a estratégia ignora a oportunidade de vender a participação de 51% na EDP Brasil, de acordo com a Bloomberg.

O negócio no Brasil era uma das bases da carta enviadas pelo fundo ativista. Sugeria à EDP a alienação de 51,2% (ou seja, a totalidade da participação) da EDP Brasil, que poderia render 2,3 mil milhões de euros e ajudar a diminuir o custo médio da dívida (que é mais elevada no mercado brasileiro que nos restantes mercados). Mas os planos da elétrica não só não fazem referência a esta hipótese, como falam da expansão no país.

Até 2022, a EDP quer investir 25% do total de CAPEX para os três anos de 12 mil milhões de euros no Brasil, ou seja, três mil milhões de euros. Só para energia solar descentralizada, são previstos um investimento de 150 milhões de reais (cerca de 35 milhões de euros) por ano. O país é classificado como um “mercado-chave”, onde pretende “manter a exposição e opção de crescimento”.

Na secção sobre crescimento em geografias onde já tem atividade, aponta para os “fortes fundamentos (por exemplo vento) e tamanho considerável do mercado” brasileiro. Quanto ao posicionamento estratégico no país, aponta ainda para “uma execução superior de projetos existentes e uma melhoria contínua das operações”,acrescentando que está “aberto a consolidação e valorização de oportunidades de crescimento”.

O Brasil é o segundo mercado onde a EDP tem maior número de clientes (3,5 milhões), apenas atrás de Portugal (5 milhões). Na conferência de imprensa que se seguiu à publicação do plano, o CEO António Mexia não fechou a porta a alterações na atividade no Brasil, tendo garantido apenas que tomará as decisões necessárias para criar valor para o grupo.

O fundo ativista critica ainda que o plano não tenha a urgência necessária para fazer face à underperformance da empresa, acrescentaram, à Bloomberg, as mesmas fontes, que pediram para não ser identificadas porque as considerações não foram tornadas públicas.

Na carta de fevereiro, o Elliott afirmou que a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela China Three Gorges é limitativa para a empresa e defendeu que o plano alternativo poderia levar o preço da ação para os 4,33 euros, contra os 3,26 euros por ação oferecidos pelo acionista chinês e aos 3,35 euros em que negoceia esta quarta-feira na bolsa de Lisboa. O fundo queria ainda que a remuneração acionista crescesse até aos 0,24 euros até 2021, face aos atuais 0,19 euros.

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