Ex-vereador de Lisboa diz que não houve preparação para aumento da procura de transportes
Fernando Nunes da Silva lamentou que o Governo não tenha começado a fazer encomendas de material no primeiro ano de mandato, porque, segundo afirma, estas só vão chegar daqui a três ou quatro anos.
O Governo não preparou o eventual aumento da procura de transportes, na sequência da redução do tarifário dos passes, considerou hoje o ex-vereador da Câmara de Lisboa Nunes da Silva, lembrando que o material não se “compra em supermercados”.
Em declarações à agência Lusa, Fernando Nunes da Silva lamentou que o Governo não tenha começado a fazer encomendas de material no primeiro ano de mandato, porque, segundo afirma, estas só vão chegar daqui a três ou quatro anos.
“O responsável pela área devia julgar que o material de transporte se compra nos supermercados”, afirmou o professor de Urbanismo e Transportes no Instituto Superior Técnico, reforçando que as encomendas não são “entregues ao domicílio no dia seguinte”.
“Só quando os motores das automotoras começaram a cair e a CP [Comboios de Portugal] começou a anular serviços, e quando os barcos do rio Tejo pararam por falta de peças, é que o Governo se lembrou de fazer as encomendas”, salientou, recordando que “os comboios têm bitola ibérica e têm de ser feitos por medida”, demorando mais tempo.
Nunes da Silva reconheceu alguma estranheza e estupefação “com o à vontade com que estas coisas estão a ser tratadas”, não havendo um plano B para o caso do aumento da procura face à oferta.
“Vai ser particularmente grave com estas medidas, porque é muito natural que haja um aumento significativo da procura. O mínimo que se pode esperar é na ordem dos 20%”, explicou, alertando para “uma certa incompetência e desleixo das entidades responsáveis em não definirem um período de transição”.
O professor catedrático do Instituto Superior Técnico salientou ainda que a redução dos preços era absolutamente essencial face à disparidade entre o poder de compra das famílias e o custo de transporte.
“Era inconcebível”, frisou.
O PART – Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos pretende incentivar o uso dos transportes coletivos nas grandes cidades e foi publicado em 5 de fevereiro.
O diploma estabelece que as Áreas Metropolitanas de Lisboa (AML) e do Porto (AMP) e as 21 Comunidades Intermunicipais (CIM) recebam 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado, e comparticipem o programa com um total de 2,6 milhões. A verba estará disponível a partir de 01 de abril.
O programa de redução tarifária nos transportes públicos começa em 1 de abril também em 16 Comunidades Intermunicipais (CIM). Cinco CIM – Leiria, Terras de Trás-os-Montes, Alentejo Litoral, Algarve e Tâmega e Sousa – adiaram o seu arranque para maio, de acordo com o Ministério do Ambiente.
Todas as outras iniciarão a implementação de reduções tarifárias em 1 de abril, tal como acontecerá com as duas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto.
O programa prevê que as 21 CIM recebam, através do Orçamento do Estado, um total de 23,2 milhões de euros para adotarem medidas de redução tarifária nos transportes públicos nos respetivos territórios.
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