O futuro está nas “pessoas”
Sociedades e organizações do mundo “hipermoderno" enfatizam cada vez mais o paradigma da “pessoa total”, segundo o qual o mundo do trabalho deve ser um espaço de desafio para o full potential.
Com a eleição dos novos Órgãos Sociais da APG para o triénio 2019/2021 abre-se, como é normal em todos os períodos pós-eleitorais, uma nova janela de possibilidades para uma associação que, como a APG, conta já mais de meio século de “história” e outros tantos de muitas e variadas “histórias”. Estas têm, no seu conjunto e no seu encadeamento, traçado em Portugal o roteiro institucional de uma das grandes funcionais empresariais que, no seu percurso, tem registado mais e mais significativas mudanças, tanto nos seus paradigmas como nos métodos e práticas usados para os pôr em ação.
E apesar de também ser normal, em todos os períodos de cessação de mandatos e de início de outros, ainda que alguns protagonistas se mantenham, afirmar-se que as renovações de órgãos institucionais acontecem em momentos particularmente significativos e importantes do desenvolvimento das sociedades e das organizações, o panorama de mudanças que se regista atualmente e que se prefigura no futuro em relação à área que ainda persiste em ser designada como de “Gestão de Recursos Humanos” é, de facto, de uma tal amplitude e acontece a uma tal velocidade que não encontra precedentes pelo menos nas duas revoluções industriais ocorridas desde os finais do século XIX.
O caráter eminentemente transformacional destas mudanças está muito expressivamente demonstrado na reconceção profunda e, nalguns aspetos, radical mesmo, dos paradigmas em relação ao papel dos seres humanos nas organizações e nas conceções em relação ao próprio trabalho, que é cada vez menos visto como apenas um meio pelo qual obtemos os recursos necessários para o nosso sustento e das nossas famílias mas, também e sobretudo, como uma fonte de identidade pessoal que ajuda a estruturar as nossas vidas e oferece a possibilidade de realização pessoal, constituindo-se como “um componente essencial do cimento que liga a sociedade (…).”
No crepúsculo dessa derivação da conceção tradicional do homo economicus, que se expandiu e se popularizou através da designação de “recursos humanos”, as sociedades e os organizações do mundo “hipermoderno” em que vivemos, enfatizam cada vez mais a heurística do paradigma da “pessoa total”, segundo o qual o mundo do trabalho deve ser um espaço de desafio para o full potential de cada pessoa, onde cada um possa pôr à prova as capacidades que sabe que tem mas onde também possa encontrar estimulantes desafios para descobrir e revelar as capacidades que em si ainda desconhece.
A APG, consciente da responsabilidade que lhe cabe como a principal associação representante da classe profissional dos responsáveis de Recursos Humanos, interpretou esta linha de tendência há já alguns anos, tendo justamente por isso alterado a sua designação institucional para “Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas”.
Chegou a vez agora de alterar também a designação da revista que é propriedade da associação, que tem chegado aos sócios e à generalidade do público leitor sob a designação de Pessoal e que surge agora numa “nova vida”, com a designação de Pessoas.
Com uma configuração completamente nova e com uma nova concessão de exploração atribuída ao ECO, esta nova revista, cujo estatuto editorial reitera o respeito intransigente dos princípios fundamentais que nortearam a longa vida da Pessoal, designadamente a rigorosa independência e imparcialidade em relação a questões de natureza explicitamente ideológicas e políticas, pretende continuar a servir, com nova energia, qualidade e atualidade, o mesmo desígnio que animou desde sempre a sua publicação: demonstrar que a aposta informada e inteligente no desenvolvimento das pessoas constitui, e continuará a constituir, a melhor garantia para o progresso sustentável das organizações do futuro.
*Mário Ceitil é presidente da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG).
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
O futuro está nas “pessoas”
{{ noCommentsLabel }}