FMI sobre ajuda financeira a Portugal: “Programa foi bastante bem sucedido”
Diretor do departamento europeu do fundo Poul Thomsen defende, em entrevista ao Público, que o regresso de Portugal ao financiamento nos mercados revela o sucesso da ajuda financeira durante a crise.
Poul Thompsen, que representou o Fundo Monetário Internacional em Portugal durante o resgate financeiro e que atualmente lidera o departamento europeu do fundo, defende que o programa aplicado ao país foi “bem-sucedido”. Em entrevista ao Público (acesso condicionado), o dinamarquês alerta que Portugal tem de reforçar a resiliência da economia a potenciais choques.
“Portugal mostrou algo fundamental para aquilo que eu ainda penso ter sido um programa bem sucedido: o consenso político. Que, por exemplo, faltou na Grécia. Quando a crise chegou a Portugal, houve claramente um sentido de unidade dentro do corpo político. Quando negociei o programa aqui com o governo socialista, ao mesmo tempo discuti discretamente – mas com o total conhecimento do Governo – com o então principal partido da oposição. E houve um claro entendimento sobre o que é que a maioria política em Portugal poderia apoiar”, revelou Thompsen, ao Público.
O diretor do departamento europeu do FMI considera que foi o consenso político que permitiu que, quando o PS de António Costa chegou ao Governo, não se houvesse “praticamente” mudanças no programa acordado com a troika. “Houve esse sentimento de que o país tinha tido, em termos económicos, o seu momento Pearl Harbor em que era preciso unir-se para fazer aquilo que era necessário. O caso português confirma que os países assumirem os programas como seus é fundamental”, afirmou.
O dinamarquês sublinha que o principal objetivo era trazer Portugal de volta aos mercados, o aconteceu “bastante mais rápido” que o esperado, apesar de a impossibilidade de desvalorizar a moeda tornar os programas mais difíceis para a sociedade e mais longos, como reconhece.
No entanto, Thompsen não deixa de fazer alertas sobre Portugal e considera que o país não pode confiar somente nas mudanças à união monetária para combater futuras crises. “Mesmo na melhor das circunstâncias não vai haver mudanças na arquitetura do euro que mudem de forma fundamental a situação que Portugal irá enfrentar se houver um choque. Por isso é que é tão importante que se construa uma economia mais resiliente, garantindo que existem almofadas orçamentais e que se aumenta a produtividade. E é nisto que os decisores políticos em toda a Europa, não só em Portugal, têm sido muito complacentes”, acrescentou, em entrevista ao Público.
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