Lagarde elogia Portugal, mas dívida elevada ainda preocupa o FMI
A diretora-geral do FMI falou no Conselho de Estado a convite do Presidente da República. Dívidas pública e privada ainda preocupam.
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, elogiou os progressos alcançados pela economia portuguesa na saída da crise, mas sinalizou preocupações com as dívidas pública e privada, pedindo esforços a Portugal perante um cenário de abrandamento mundial.
“Após uma década de crise e recuperação podemos afirmar que Portugal conseguiu alcançar enormes progressos”, disse a responsável máxima do FMI na reunião do Conselho de Estado que teve início às 15 horas e para a qual foi convidada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Lagarde assinalou a subida do PIB, a descida do desemprego e a criação de postos de trabalho, que defendeu ter sido facilitada pela “reforma laboral implementada durante o programa”. A diretora-geral do FMI destacou ainda o ambiente de negócios “mais atrativo” para investidores, a aposta nas exportações, a redução do défice orçamental e da dívida pública. “Um sucesso notável”, resumiu.
No entanto, e apesar de Portugal já ter pago toda a dívida que contraiu junto do FMI em 2011, o endividamento público e privado continua a ser uma preocupação. Mais ainda quando “é provável que as águas da economia mundial se venham a tornar mais traiçoeiras”.
"É provável que as águas da economia mundial se venham a tornar mais traiçoeiras. Não se deixem ficar à deriva.”
A recomendação para Portugal foi inspirada nas conquistas alcançadas durante os descobrimentos. Lagarde lembrou o feito de Vasco da Gama — que “não tinha medo da escuridão”, explorou o Oceano Índico e tinha consciência que era importante avançar mesmo quando o horizonte era sombrio” – para deixar um recado às autoridades nacionais. “Não se deixem ficar à deriva“.
“Os riscos no resto do mundo são cada vez maiores e é provável que representem a principal fonte de instabilidade para a economia portuguesa”, disse a responsável máxima do FMI, adiantado que na Primavera o Fundo irá rever a previsão de crescimento para a Zona Euro, que está atualmente em 1,6%. A Comissão Europeia reviu recentemente a projeção de crescimento do bloco do euro de 1,9% para 1,3% este ano.
"Os riscos no resto do mundo são cada vez maiores e é provável que representem a principal fonte de instabilidade para a economia portuguesa.”
Para enfrentar estes desafios, o Fundo considera que Portugal deve dar resposta em três áreas: reduzir mais o saldo orçamental estrutural para acelerar o ritmo de redução da dívida pública, implementar reformas estruturais que aumentem a poupança, o investimento e a produtividade, o que permitia baixar o endividamento dos privados, e preparar o país para a rápida mudança tecnológica, com reguladores mais fortes, um ensino mais focado no futuro e ajuda aos que vão ficar fora do mercado de trabalho.
No Conselho de Estado têm assento, além do chefe de Estado, o primeiro-ministro, os presidentes dos governos regionais, os antigos Presidentes da República, entre outras personalidades.
A mensagem deixada por Lagarde é próxima da que esta semana foi transmitida pela Comissão Europeia no relatório sobre a avaliação da situação económica e social. Portugal cresce, mas ainda existem desequilíbrios relacionados com o endividamento e o crédito malparado, que num cenário de baixa produtividade deixam o país vulnerável.
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