Contas lideram reclamações à banca, mas queixas no crédito estão a disparar
As contas de depósito continuam a liderar as queixas, 31,5% do total, mas caíram. As reclamações do crédito ao consumo e à habitação registaram fortes aumentos.
É uma realidade quase incontornável. As contas de depósitos voltam a liderar o ranking de queixas dos clientes bancários no ano passado. Quase um terço do número total das queixas apresentadas pelos portugueses relacionadas com o serviço prestados pelos bancos nacionais resultam das contas, especialmente por causa das comissões que são cobradas. No entanto, o Relatório de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal revela um forte crescimento das reclamações associadas ao crédito, tanto ao consumo como à habitação.
As contas estiveram na origem de 4.811 queixas, 31,5% do total de 15.254 reclamações apresentadas no ano passado por clientes bancários. O número de queixas registado em 2018 representa, ainda assim, uma diminuição quando comparada com as verificado no ano anterior: 5.070.
A generalidade das reclamações registadas no ano passado incidiu sobre contas de depósito à ordem (92,1%), estando a cobrança de comissões ou encargos estiveram na base da maioria destas reclamações. Ascenderam a 20,9% do número total do segmento as queixas relacionadas com “cobrança de comissões ou encargos, estando maioritariamente em causa, segundo o documento “a prestação de informação relativa às comissões associadas à conta de depósitos à ordem e os montantes exigidos a título de comissões de manutenção de conta”.
Mais crédito, muito mais queixas
Por tipo de produto, as contas lideraram, mais uma vez, mas se se considerar o crédito como um só, verifica-se que este segmento abarcou mais de um terço do total das reclamações. Isto porque tanto no caso do crédito ao consumo como à habitação registaram-se fortes aumentos.
Num ano marcado por um crescimento acentuado do financiamento ao consumo, verificou-se um aumento de 10,1% no total de reclamações relativas a crédito aos consumidores. Estas situaram-se em 3.788, passando a representar 24,8% das queixas, quando em 2017 pesavam 22,5%.
Essa subida é sustentada, segundo o regulador pelo “crescimento do número de reclamações sobre responsabilidades de crédito, comissões ou encargos e cobrança de valores em dívida”. Os cartões de crédito continuaram a ser o produto de crédito aos consumidores com maior número de reclamações, correspondendo a 45,1% do total de reclamações, seguidos do crédito pessoal, representando 39,5% das reclamações, e do crédito automóvel, com 8,5%.
Também as queixas no segmento de crédito à habitação aceleraram. Estas passaram de representar 12,6% das queixas em 2017, para 13%, em 2018, ascendendo a 1.989. Daí resulta um crescimento de 3,5% do número de reclamações, “destacando-se, face a 2017, o aumento das reclamações relacionadas com o cálculo de prestações e TAEG, informação pré-contratual e declarações”, explica o regulador. Em contrapartida, foi constatada uma diminuição das reclamações referentes aos regimes do incumprimento e a cláusulas contratuais.
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