Um bilião de dólares. Como a Microsoft voltou a ser a cotada mais valiosa do mundo
Cloud é a arma das gigantes tecnológicas na luta pela liderança, com a desaceleração económica como obstáculo. Nas 10 cotadas mais valiosas do mundo, apenas três não são tecnológicas.
A corrida pela posição de cotada mais valiosa do mundo tem sido renhida e o pódio vai rondando entre três gigantes tecnológicas: Microsoft, Apple e Amazon. De forma inesperada, a empresa criada por Bill Gates — a mesma que tinha ocupado esta posição no início do milénio e que cuja decadência tinha sido vaticinada com a ascensão da fabricante do iPhone — ultrapassou, esta semana e pela primeira vez, o marco de um bilião de dólares em capitalização bolsista, passando para a primeira posição. O sucesso do negócio foi a principal razão, mas o insucesso da concorrência também ajudou.
A primeira a ultrapassar a marca de um bilião de dólares foi a dona do iPhone, em agosto do ano passado, tendo-se seguido a retalhista online, em setembro. Esta quinta-feira foi a vez da dona do Windows atingir a capitalização bolsista de um bilião de dólares, após ter apresentado resultados do período entre janeiro e março de 2019 (correspondente ao terceiro trimestre fiscal) acima do esperado.
Os lucros subiram 18,6% para 8,8 mil milhões de dólares (7,8 mil milhões de euros) e as receitas cresceram 14% para 30,6 mil milhões de dólares (27,3 mil milhões de euros), em comparação com o período homólogo. Mas nas empresas do setor, quase tão importante como a faturação, é para a tecnologia que investidores e analistas estão a olhar.
A Microsoft, que foi fundada há quase 50 anos, passou momentaneamente pela categoria de cotada mais valiosa do mundo em 2018, mas os anteriores anos de glória aconteceram na viragem do século, quando o Windows entrava nas casas das famílias. A tecnológica perdeu, pela primeira vez, a liderança para a concorrente Apple em 2010. Quase uma década depois, a digitalização e a tecnologia passaram das casas para os bolsos e carteiras. E a concorrência é feita na cloud.
O rápido crescimento da plataforma informática em nuvem (cloud-computing) Azure levou a uma catadupa de comentários positivos por casas de investimento que impulsionaram a ação. “Tal como nos últimos trimestres, os resultados foram robustos de forma geral, com a Azure a superar a expetativa do mercado”, afirmou a analista do Goldman Sachs Heather Bellini, citada pela Reuters.
“A Microsoft é uma das empresas tecnológicas mais bem posicionadas para capitalizar a procura crescente por cloud. Até mais que a Amazon“, diz Anurag Rana, analista sénior da Bloomberg Intelligence. O braço de análise financeira da empresa subiu o preço-alvo da ação para 150 dólares dos anteriores 125 dólares após os resultados e estima que a posição dominante das aplicações desta tecnologia leve a um crescimento das vendas da Microsoft superior a 10% durante, pelo menos, dois anos.
Não é que a Amazon esteja parada. Antes pelo contrário. A tecnológica liderada por Jeff Bezos tem também um serviço de armazenamento em nuvem, a Amazon Web Services (AWS), que chegou a Portugal em setembro do ano passado e, como foi anunciado também esta semana, vai expandir para a China. Além das novidades neste serviço, após apresentar contas, a Amazon anunciou ainda que vai investir 800 milhões de dólares para reduzir o tempo de entrega gratuita para apenas um dia, em todo o mundo.
Das três, a que mais tem desiludido é a Apple, a grande pioneira na cloud. A empresa liderada por Tim Cook, que apresenta resultados a 30 de abril, tem sido penalizada pela queda nas vendas de iPhones (a componente mais significativa para os lucros da Apple), especialmente na China. O último trimestre foi o primeiro numa década em que a empresa reportou uma queda nas vendas e nos lucros.
De forma geral, as tecnológicas foram penalizadas no final do ano passado pelos receios do impacto da desaceleração económica no setor. Mas as ações da Microsoft foram as que menos caíram, o que permitiu que, face à recuperação generalizada, fosse a que conseguisse mais rapidamente ultrapassar a fasquia de um bilião de dólares. Atualmente, a capitalização de mercado da Apple situa-se abaixo de 968 mil milhões de dólares e a da Amazon acima dos 936 mil milhões de dólares.
Apesar da instabilidade na tecnologia, o setor manteve a liderança nas empresas mais valiosas do mundo, após ter destronado o petróleo há quase 15 anos. Entre as 10 cotadas, apenas três pertencem a outras áreas (a gestora de participações Berkshire Hathaway, a produtora de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos de higiene Johnson & Johnson e o banco JP Morgan Chase) e apenas duas não são norte-americanas (as chinesas Alibaba e a Tencent).
Entre as 10 cotadas mais valiosas, apenas três não são tecnológicas
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