TAP acredita em contas positivas em 2019 mas 1.º trimestre foi fraco
"Expectativas continuam a ser que 2019 possa ser um ano positivo em termos de resultados", diz Miguel Frasquilho, chairman da TAP.
O Grupo TAP mantém a expectativa de voltar aos resultados positivos este ano, apesar de o desempenho até março ter sido fraco, numa continuidade dos fatores do final de 2018, disse o presidente do Conselho de Administração, Miguel Frasquilho.
“O facto de 2018 ter sido um ano desafiante, difícil – em que também pudemos aprender muito – foi um ano que não colocou em causa a prossecução do plano estratégico que está definido para a TAP. Ou seja, o que quero manifestar é que 2019 será – são essas as expectativas que temos e é para isso que o orçamento aponta – que 2019 possa voltar a ser um ano de resultados positivos para o Grupo TAP“, disse Miguel Frasquilho em entrevista à Lusa.
Questionado sobre como decorreu a atividade nos primeiros três meses de 2019, o chairman da TAP SGPS começou por lembrar que a atividade no setor aéreo é bastante sazonal, sendo tradicionalmente o primeiro trimestre “mais fraco do que o segundo e o terceiro” e voltando depois “o quarto a ser mais fraco”.
Assim, “o primeiro trimestre foi (…), como já tinha sido antecipado – e diria que não compromete o ano – menos bom do que serão, certamente, o segundo e o terceiro. Mas, as expectativas continuam a ser que 2019 possa ser um ano positivo em termos de resultados, até porque é para isso que o plano estratégico continua em curso, que o plano de transformação da própria TAP continua em curso”, afirmou, sem concretizar valores.
Quando confrontado se o desempenho foi pior do que em 2018 – já que no ano passado alguns dos fatores prejudiciais aos prejuízos do grupo aconteceram no verão -, Miguel Frasquilho apontou a continuidade dos constrangimentos sentidos no quarto trimestre do ano passado.
“No ano passado, os problemas operacionais aconteceram no verão, mas em termos de mercados – isso também é público – houve uma quebra muito grande no nosso principal mercado [externo] em termos de receita que é o Brasil e que se sentiu, sobretudo, no quarto trimestre. Isto, por razões que têm a ver com a economia brasileira, até com as eleições que foram realizadas – em ano de eleições está provado que os brasileiros viajam bastante menos – e depois a retoma demora a ser sentida. Também por essa via, o primeiro trimestre [deste ano] foi um primeiro trimestre com um resultado mais fraco. Mas a expectativa é que vá melhorando ao longo do ano”, explicou.
O grupo TAP registou um prejuízo de 118 milhões de euros em 2018, face a lucros de 21,2 milhões de euros em 2017, conforme foi anunciado em 22 de março.
"O primeiro trimestre foi (…), como já tinha sido antecipado – e diria que não compromete o ano – menos bom do que serão, certamente, o segundo e o terceiro. Mas, as expectativas continuam a ser que 2019 possa ser um ano positivo em termos de resultados.”
Por sua vez, a receita do grupo passou de 2.978 milhões de euros em 2017 para 3.251 milhões de euros em 2018, traduzindo-se num aumento de 273 milhões de euros, mas, no que diz respeito às receitas do Brasil, o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, disse na altura da apresentação de contas, que “caíram 10%” e que “pela primeira vez, no quarto trimestre, (o mercado brasileiro) teve menos vendas no ano 2018 do que em 2017”.
Ainda no balanço de 2018, o chairman do grupo, ressalvou que o plano estratégico que foi definido aquando a privatização da TAP “tem vindo a ser cumprido” e que “as expectativas eram – e continuam a ser – de que os resultados sejam positivos em cada ano”.
Isto não aconteceu em 2018, mas Miguel Frasquilho relembrou que foi um período de exceção.
“Foi um ano excecional onde, devido a vários fatores internos, ou seja, fatores imputáveis à TAP, da nossa responsabilidade, e por fatores também externos, não tivemos o ano do ponto de vista económico, do ponto de vista financeiro e do ponto de vista operacional que tínhamos orçamentado, que tínhamos antecipado. Isso não aconteceu. (…), mas isso não impediu que o plano estratégico esteja a ser concretizado”, afirmou.
A TAP continua a operar a renovação e ampliação da frota e a contratar efetivos, entre assistentes de bordo, pilotos, engenheiros, “muito emprego qualificado”, sublinhou.
“De facto, não tenho a expectativa de que este ano possa ser um ano como 2018 em termos de resultados, quer do ponto de vista económico ou financeiro, quer também do ponto de vista operacional. Sabemos que há constrangimentos no aeroporto principal em que operamos, que é o nosso ‘hub’ – o de Lisboa -, mas enquanto que no ano passado houve razões externas e internas para termos tido períodos de dificuldade elevada (houve períodos em que tivemos níveis de pontualidade bastante abaixo daquilo que é exigível e isso já foi reconhecido e eu próprio já pedi desculpa aos nossos passageiros, com as indemnizações, compensações, a pesaram tanto nas contas da TAP), este ano penso que estamos bastante melhor preparados para enfrentar o verão que é o período de maior intensidade em termos de tráfego (…)”, disse.
A ajudar este ano conta-se ainda que “previsivelmente” seja “o primeiro em que em termos de resultados não será sentido o impacto negativo nas contas resultante da operação de manutenção e engenharia da TAP no Brasil [ex VEM]” e que o mercado norte-americano volte a contribuir positivamente.
Em 2018, o mercado brasileiro “foi parcialmente compensado pelo dinamismo e pela força que tem mostrado o mercado, que já é o terceiro em termos de receita para a TAP, que é o norte-americano” e para o qual a TAP tem “grandes expectativas” com a abertura das três novas rotas que vão ocorrer em junho, Washington DC, Chicago e São Francisco.
O chairman insistiu ainda que enquanto não forem realizadas as obras que são necessárias no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, a TAP vai “ter sempre constrangimentos que nos períodos de maior tráfego vão ter impacto negativo na operação”.
São problemas sentidos por “todas as companhias que operam em Lisboa” mas, sendo a TAP “responsável por mais de 50% do tráfego aéreo em Lisboa”, é nesta transportadora “que esses impactos mais serão sentidos”, concluiu.
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