Corretora britânica Infinox entra em Portugal de olho na Europa
O CEO Robert Berkeley admite que vê Lisboa como porta de entrada para se expandir. No final de 2020, quer ser líder no mercado de derivados em Portugal e ultrapassar os 1,5 mil milhões de euros.
A corretora britânica Infinox abriu atividade em Lisboa. O CEO Robert Berkeley da fintech, que tem sede em Londres e conta com oito escritórios em várias geografias, considera que a incerteza do Brexit não é um entrave à expansão e quer usar Portugal para crescer para outros mercados, incluindo Europa e América do Sul.
“Sempre tivemos dificuldades em entrar na Europa e sempre gerimos o negócio a partir de Londres”, admitiu o CEO, na apresentação em Lisboa, esta quarta-feira. Berkeley explicou que a decisão foi tomada ainda antes do Brexit e que a escolha de Portugal se prendeu com o talento no país. “Esperamos ter sucesso não só em Portugal, mas por toda a Europa e na América Latina”, afirmou, referindo Espanha e o Brasil como prioridades.
A chegada da corretora britânica acontece numa altura em que a saída do Reino Unido da União Europeia ainda não tem termos certos. Originalmente programado para 29 de março e depois adiado para 12 de abril, o Brexit foi reprogramado para 31 de outubro para dar oportunidade ao Governo de evitar uma saída do Reino Unido da UE sem acordo entre as partes e as eleições europeias foram agendadas para 23 de maio. A relação financeira entre as duas partes é uma das grandes dúvidas.
“Como não sabemos os termos ou o futuro a longo prazo, as pessoas estão nervosas e é normal. O Brexit muda o ambiente, mas também traz oportunidades”, disse o embaixador do Reino Unido em Portugal, Christopher Sainty, no mesmo evento. “Os laços culturais, económicos e sociais entre o Reino Unido e Portugal vão sobreviver. Queremos continuar a ser parte da Europa”, acrescentou o diplomata.
Tal como o embaixador Christopher Sainty, também o CEO da Infinox espera que as ligações entre Portugal e Reino Unido se mantenham. “Não tenho uma resposta perfeita sobre o que é que vai acontecer com o Brexit, mas o que quer que seja que aconteça, vamos manter uma forte ligação com a Europa e Portugal é a chave”, afirmou Berkeley, acrescentando que não só a incerteza em relação aos termos da saída, mas também em relação a outros fatores — como os tweets do Presidente dos EUA, Donald Trump — é uma oportunidade de gerar maiores retornos.
Objetivo é chegar à liderança do mercado de derivados
Criada em 2009, a corretora é, desde fevereiro, autorizada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), além do supervisor britânico, a Financial Conduct Authority (FCA). Entra em Portugal com uma plataforma de negociação própria, a IX Trader, que permite negociar contratos por diferença (CFD) de ações, índices, moedas, matérias-primas, criptomoedas e outros ativos e instrumentos financeiros.
As corretoras têm, no entanto, enfrentado maiores restrições europeias à venda destes instrumentos a investidores de retalho. A Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) limitou, a 1 de agosto do ano passado, a comercialização destes produtos financeiros complexos junto de investidores de retalho por ter concluído que entre 74% e 89% das contas de retalho perdem dinheiro com CFD.
“Somos a favor desta medida da ESMA. Talvez não uma medida tão extrema, mas acreditamos que há uma necessidade de alertar os investidores para os riscos e não é qualquer pessoa que tem sofisticação suficiente para investir neles. Algo em que queremos apostar muito é na formação e mostrar onde é que estão os riscos porque onde há riscos há oportunidades”, explicou Tiago da Costa Cardoso, responsável regional da corretora. Acrescentou que o público-alvo de clientes é tanto investidores de retalho como institucionais e que “a empresa tenciona alargar o leque de produtos com o lançamento da nova plataforma”.
Liderada por Tiago da Costa Cardoso, a equipa da Infinox em Portugal conta com outras cinco pessoas e deverá crescer nos próximos meses, em linha com os objetivos de expansão. “Neste momento somos seis, tencionamos ser dez até ao final do ano e a meta é sermos 15 em 2020, quando já tencionamos ser — em termos de volume — a maior corretora em Portugal”, afirmou o responsável regional.
“Neste momento o nosso objetivo é chegar ao final do ano com um volume considerável. Claro que o primeiro ano é sempre de crescimento e de implementação. No final de 2020, o objetivo é ter a maior quota de mercado no segmento de CFD. Neste momento, o número um é uma empresa [a corretora XTB] que tem cerca de 1,5 mil milhões de euros de volume. Esse é volume que acreditamos que vamos conseguir ultrapassar”, acrescentou Cardoso.
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