Bitcoin já duplicou de valor este ano. Será o regresso das criptomoedas?
A valorização da bitcoin este ano é diferente das últimas vezes em que a criptomoeda registou movimentos tão expressivos. Analistas consideram que ainda há potencial de subida, mas aconselham cautela.
A bitcoin está de volta. Depois de um disparo no valor em 2017 e da queda a fundo no ano seguinte, os investidores pareciam retraídos pelo elevado risco. No entanto, a maior criptomoeda do mundo já duplicou de valor em 2019. Os analistas apontam para o sentimento negativo nos mercados tradicionais (devido à guerra comercial), mas também para possíveis manipulações do preço.
“Desta vez é diferente. Ao contrário do que aconteceu em 2017, a bitcoin não está na primeira página dos jornais e não há uma corrida do ouro para comprá-la. Mas o preço da criptomoeda mais popular registou um salto de 100% em apenas alguns meses e o interesse dos investidores está a recuperar o ímpeto que já teve no passado“, afirma Carlo Alberto de Casa, analista chefe da ActivTrades.
A capitalização de mercado das criptomoedas cresceu de um mínimo de 105 mil milhões de dólares no final de 2018 para 220 mil milhões. Cada bitcoin chegou a negociar acima dos 8.200 dólares esta semana, contra os 3.790 dólares com que começou o ano.
Há várias razões apontadas para a valorização. Por um lado, com a guerra comercial entre EUA e China (que levou a fortes quedas nas bolsas), a bitcoin poderá ser uma forma de contornar as tarifas, segundo explicou Eduardo Silva, head of sales da corretora XTB.
Por outro lado, “o mercado de cripto estava em sobrevenda absoluta depois das quedas em 2018 e já se falava há muitos meses de uma fase de acumulação no mercado, o que significa que a partir de um certo nível de preço as ordens de venda eram cada vez menores pois quem estava a perder já estava por tudo e deixava as posições para o longo prazo enquanto os shortsellers começaram a realizar lucros e abandonar o mercado”, refere.
Também Tiago da Costa Cardoso, responsável regional da Infinox para a Península Ibérica, vê no número limitado de ativos uma causa para os ganhos. “Depois de um período de consolidação, nota-se claramente uma recuperação do sentimento de apetite pelo risco neste mercado. Se na primeira onda de euforia, em 2017, uma das razões de subida foi a febre das initial coin offerings (ICO), nesta parece ser o risco de escassez da moeda, já que se notam volumes de transação muito acima do normal nas negociações em OTC [over the counter]“.
Fonte: CoinMarketCap
Com preço imprevisível, cautela é a palavra chave
Outro fator que beneficiou o mercado cripto foi alguma confiança dada pelo lançamento de futuros de bitcoin na Chicago Mercantile Exchange (CME) e na Chicago Board Options Exchange (CBOE), bem como investimentos de instituições como a Fidelity Investments, Bakkt, Ameritrade ou Etrade. A dúvida é se há razões para os investidores confiarem na bitcoin e ignorarem os roubos e quebras de segurança que continuam a persistir.
“Temos sempre de considerar que a falta de regulamentação pode resultar em manipulação de preço, adicionalmente carteiras de mais de mil milhões têm capacidade de influenciar o preço”, lembra Silva. “Uma mão cheia de carteiras poderosas têm o mercado refém, se decidirem vender todos o mercado irá cair independentemente da força do retalho“.
Foi o que aconteceu esta sexta-feira, com 30 mil milhões de dólares a saírem do mercado em apenas 24 horas, levando a uma desvalorização de 10% na bitcoin. Ainda assim, os analistas veem potencial para a criptomoeda continuar a subir, apesar de alertarem para a imprevisibilidade do preço. O head of sales da XTB diz que os investidores de retalho ainda não tiveram um papel neste rally, pelo que poderão suportar novas movimentações altistas.
“Acredito que ainda vamos ver novos máximos ao longo do ano pois o sentimento é muito positivo. No entanto, quem pense em comprar, deve esperar por correções uma vez que mais vale perder uma oportunidade se o ativo seguir em alta do que entrar num topo de uma tendência“, aconselha.
Já Carlo Alberto de Casa, da ActivTrades, sublinha que “a regra deve ser a prudência” e que as moedas eletrónicas devem representar uma fração mínima de toda a carteira diversificada de investimentos.
Tiago da Costa Cardoso, da Infinox, lembra que os investidores devem aprender com o passado. “Nada cresce infinitamente. Tivemos esse exemplo em final de 2017, e hoje o mercado está mais maturo. Hoje a volatilidade não é a mesma e, por isso, uma inversão, a acontecer, deverá ser em formato de uma correção mais suave. Porque na verdade, ainda não saímos do processo de consolidação de preço que começou no início de 2018“, acrescenta.
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